No 4º dia arrancamos cedo de Timphu rumo a Haa, uma das zonas mais remotas do país. Foi das últimas zonas do Butão a ser aberta ao turismo e mesmo assim só 10 por cento dos visitantes resolvem incluí- la nos seus tours.
Para chegar a Haa a partir da capital são cerca de 4 horas de viagem para fazer apenas 180 km. A estrada parece mais um trilho do que propriamente uma estrada e não permite mais do que uma condução entre os 20 e os 40 quilómetros por hora. Ao meu lado desfiladeiros imensos, perfeito para quem tenha vertigens 😉
Mas vale a pena, muito a pena, para conhecer um pouco mais do país, para nos sentirmos completamente perdidos no mundo.
A paisagem sempre muito verde num pinhal sem fim. Por aqui o terreno é tão montanhoso que só 2 por cento da terra é cultivável e como faz muito frio, a maioria das famílias em vez de vacas cria yaks, uma éspecie de bois com pêlo longo.
Chegamos a Haa perto da hora de almoço e somos logo presenteados com um repasto fantástico num restaurantena rua principal da pequena vila. Momos maravilhosos, arroz encarnado – uma espécie local – salada de pepino com queijo esfarelado, almôndegas de carne, espargos verdes e para completar um molho de malaguetas picadas, salsa e tomate picado verdadeiramente maravilhoso.
Depois de almoço foi tempo de conhecer dois dos templos mais antigos do país, o Lhakhang Karpo e o Lhakhang Nakpo, que segundo dizem foram construídos no século VII pelo rei tibetano Songsten Gempo, que chegou ao Butão com a missão de construir 108 mosteiros num dia. Tal como S.T. faz questão de referir várias vezes durante a nossa viagem: “Não estou a dizer que isto tenha mesmo acontecido, o que estou a dizer, é que é nisto que acreditamos”.
Eu também não sei se é verdade ou não, e para ser sincera, nem estou muito interessada. Sei que a verdade, a verdade neste momento é a paz que se sente nestes templos, o ambiente altamente confortável, sereno. Parece tudo tão descomplicado, tão pacífico…
Dos templos, rumamos ao lodge onde iremos pernoitar, uma casa antiga de aldeia, que já pertenceu a três gerações da mesma família e que depois de uma grande reabilitação foi aberta ao público em 2013. Logo à entrada uma grande “Prayer Water Wheel” a dar -nos as boas vindas com o seu som mágico.
A casa é linda, muito acolhedora, toda em madeira, as paredes pintadas com os desenhos típicos butaneses, uma bonita vista sobre o vale, no meio da sala uma grande salamandra. A um canto os arcos, as flechas e um alvo. Parece um chalet de montanha, mas no Butão.
Com empregadas lindas e hiper simpáticas. Já disse aqui como são bonitas as mulheres butanesas, mas nunca é demais voltar a referir. E simpáticas, e ainda por cima falam um inglês perfeito. E gostam de falar, não ficam a um canto envergonhadas. Fazem nos perguntas, sem serem intrusivas, mas curiosas.
Já conheci muitos povos e posso garantir que este vai já para a lista do top 5 no que toca a simpatia, educação e já agora sentido de humor. Gostam de rir e riem sem pudor. E acima de tudo são inteligentes, percebem as piadas, não é preciso pôr legendas.
Acabamos o dia com uma volta pela aldeia, um grupo de mulheres cantam em uníssono enquanto constroem um templo.
Quando a noite cai, servem- nos um repasto maravilhoso: ema, arroz encarnado, espinafres salteados com um condimento maravilhoso, noodles, carne de bife seca com chilli, caril de vegetais. Uma delicia.
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