Pelos cafés literários de Paris
Entre um “croque mousier” na pastelaria preferida de Jean Paul Satre e um flute de champanhe e ostras no bistro de eleição de Voltaire e Balzac, parta à descoberta de uma Paris de histórias e poemas.
Paris não é só o rio Sena e a Torre Eiffel. Numa cidade onde a história se escreveu ao longo dos séculos pela mão de alguns dos melhores escritores de sempre, vale a pena fugir dos circuitos turisticos e conhecer a cidade das luzes num roteiro pelos cafés que outrora acolheram muitos dos mais reputados nomes da literatura mundial. De Ernest Hemingway a Simone de Beauvoir, de Saint Exupéry a Boris Vian, passando por Andre Breton a Oscar Wilde, não faltam bistros do principio do século XX, esplanadas e cafés art déco, onde se sinta a memória dos movimentos culturais que foram marcando o mundo.
Começe por conhecer o Boulevard du Montparnasse pela esplanada envidraçada do La Coupole, ao sabor de um “cafe latte”, aprecie as colunas pintadas pelos seguidores de Matisse e Fernand Léger, leia alguns trechos de “Paris é uma festa” de Hemingway, que por aqui deu largas à sua imaginação. Parta ao sol da Primavera pelo Boulevard Saint Michel fora, entre restaurantes e lojas até ao Boulevard Saint Germain, em pleno Quartier Latin. Passe pelo Cafe Flore para um “croque mousier”, e sinta a atmosfera do palco ideal da elite intelectual parisiense. Salvador Dalí, Boris Vian e Albert Camus foram alguns dos muitos artistas que fizeram deste bistro a sua casa.
Para um almoço prolongado numa tipica “brasserie” francesa, atravesse a rua e entre na Lipp. Siga o exemplo de Saint Exupéry ou de Ernest Hemingway e peça um bife grelhado com legumes salteados.
Se preferir uma versão mais “light”, nada melhor então do que umas ostras com champanhe no Le Procope, duzentos metros à frente. Em tons de fogo e talha dourada, para relembrar Voltaire e Emile Zola, considerada por muitos como a maior cronista parisiense de sempre.
Para o chá, fique pelo mesmo Boulevard, no Les Deux Magots, rival do vizinho Flore e ponto de encontro em tempos de Oscar Wilde, Andre Breton e Paul Verlaine. Não se esqueça de levar um livro e deixe-se assim ficar. Até ao cair da tarde. Em Paris, pelo Outono.
Café Flore
Inaugurado em 1887 é desde o final do século XIX, o ponto de encontro por excelência da sociedade intelectual de Paris. Simone de Beauvoir e Satre foram algumas das presenças assíduas. Boulevard Saint Germain, 172. Aberto todos os dias das 7 à 1.30 da manhã
Les Deux Magots
Aberto desde 1914, refúgio de escritores e pintores de renome mundial é dos melhores sitios em toda a cidade para passar uma tarde a viver a cidade. Place Saint Germain des Prés, 6. Aberto diariamente das 8 às 2 da manhã
Le Procope
O café mais antigo de Paris, aberto de 1686, é ainda hoje um ponto de referência para comer um bom prato de crustáceos. Balzac foi um dos seus clientes habituais. Rue de L’Ancienne- Comédie, 13. Aberto diariamente das 12 à 1 da manhã.
Brasserie Lipp
Para um bom bife ao melhor estilo francês, desde 1880 que este é o ponto de passagem de notáveis das artes. De Proust a Albert Camus, até aos dias de hoje: Woody Allen e Harrison Ford são clientes habituais. Boulevard Saint Germain, 151. Aberto diariamente das 12 à 1h00.
La Coupole
Inaugurado em 1927, este antigo depósito de carvão é um perfeito exemplar da art déco. Para além de Hemingway, passaram por aqui também vários nomes do jazz e do tango, de Gardel a Josephine Baker. Boulevard du Montparnasse, 102. Aberto todos os dias das 8 à 1 da manhã.
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