Ao amanhecer do quarto dia,na Roça Belo Monte, é Luis, o simpático empregado da véspera que nos serve o pequeno almoço no terraço. Fruta fresca, com sabor mesmo a fruta – e que bom que é fruta com sabor a fruta – ovos mexidos com sabor a ovos, sumo natural e café.
Despedimo nos da Roça Belo Monte já com saudades. É um sítio que merecia uma estadia de mais dias, mas temos alma de bicho carpinteiro e hoje será mais um dia a passarinhar pela ilha.
É Pedro que nos vai buscar num ranger Polaris, um pequeno Jeepzinho descapotável todo o terreno, ideal para as estradas por onde nos irá guiar.
Pedro, natural do Príncipe e uma simpatia de rapaz, vai nos contando como é viver nesta ilha. Não ter muito, mas ser feliz, trabalhar de segunda a sexta, fazer a festa de sexta à noite a Sábado, sem parar, reservar os Domingos para juntar família e amigos. Uma vez numa casa, outra vez noutra, ou todos na praia se o tempo estiver de feição.
Por estradas de terra, Pedro, neto de cabo verdianos emigrados para trabalhar nas roças, leva nos até à Roça do Abade, com uma bonita vista e casa recuperada, meia dúzia de quartos e um restaurante. Era bom que assim estivessem todas.
Da Roça seguimos para Santo António, uma paragem rápida no Passô, restaurante à beira da marginal, e na Rosa Pão, loja de artesanato e associação cultural.
Paramos ainda no mercado onde as poucas bancas estão quase todas cobertas de bananas: banana prata, banana pão etc… por aqui não faltam espécies diferentes de bananas.
Vende-se também peixe e legumes, poucos, à mingua. “Quando não há barco o que se nota logo mais é a falta de legumes” explica Pedro. Que na ilha pouco ou nada é cultivado.
Pelas estradas, o pequeno Ranger Polaris segue aos saltos, a maioria dos troços não é de alcatrão, apenas terra batida, trilhos desbravados à força de catana, no meio da floresta virgem. É um autêntico passeio por floresta tropical que nos leva ao longo da ilha até outra das praias mais bonitas destas bandas, a Praia Boi.
Chegamos lá já perto do sol do meio dia, uma baía de areia branca e mar verde esmeralda com coqueiros quase a roçar no mar. Até Pedro que aqui vem desde infância, não deixa de exclamar “que bonito que isto é” mal pomos pé no paraíso.
O sol queima, corremos para o mar e mergulhamos, tal crianças. Temos a praia toda só para nós, a areia lisa sem pegadas. Como é que no século XXI ainda ha tais tesouros na terra é uma constatação que me deixa sempre maravilhada.
É na praia Boi que passamos as horas seguintes,almoçamos um piquenique trazido por Pedro, damos mergulhos, passeamos à beira- mar. Mais tarde hão-de chegar um grupo de portugueses expatriados e um grupo de jovens locais de grades de Super Bock e panelão. Sentam-se debaixo dos coqueiros e fazem a festa em surdina. Parece que ninguém quer incomodar a imagem perfeita do paraíso.
Será já a meio da tarde que nos pomos a caminho do lodge onde iremos ficar esta noite, o Makaira, o sonho de um canadiano apaixonado por pesca que resolveu construir um lodge numa pequena praia de São Tomé onde até Dezembro não havia sequer acesso por carro. Uma dúzia de “permanent tents” em cima de umas estruturas palafiticas, mesmo quase em cima do mar, com todos os confortos que se possa pedir.
Passamos o resto da tarde dentro de água, entre as espreguiçadeiras e um gole ou outro numa cerveja gelada. Até ao entardecer, altura em que rumamos ao bar, aberto, frente à praia, onde somos recebidos pelo Bobby e pela Paula, casal que gere o lodge. Ele sul africano, ela portuguesa. Simpáticos e com boa conversa, ficamos por ali até ao jantar a ouvir histórias de aventuras por África e afins. Bobby já está no Príncipe há 8 anos, Paula há dois. Os episódios já são tantos, que quando o polvo assado nas brasas vai para a mesa, a lua já vai alta.
O jantar está magnífico, o polvo tenro, assado na perfeição, legumes e batata doce, Planalto fresco para acompanhar e o som do mar logo ali para compor o ambiente.
Vida doce cansa e recolhemos à nossa tenda logo após o jantar.
Será uma noite de sonhos embalados pelo som das ondas a rebentar na areia. E como é bom dormir assim.
Blog Comments
Carina Vaz Pinto
13 de Fevereiro de 2018 at 10:05
Obrigada Catarina, pela excelente descrição da nossa ilha e do nosso cantinho à beira mar plantado – o Makaira Lodge!
Em nome de toda a equipa, agradecemos a vossa visita e esperamos receber-vos novamente um dia!
A Gerência do Makaira Lodge
Carina Vaz Pinto e Stanley Cook
pelomundo13
22 de Fevereiro de 2018 at 9:33
Adorei aí estar e recomendo muitas vezes, ainda recentemente esteve aí uma prima minha, Sandra Serra com o marido Ricardo.
Até uma próxima oportunidade, Catarina
Maria
27 de Março de 2018 at 7:53
Olá! Como é que chego ao Pedro que fez a visita durante o dia? Obrigada!
pelomundo13
28 de Março de 2018 at 12:12
Foi através do Makaira Lodge. Não tenho o contacto dele.
Rita Mestre
5 de Dezembro de 2019 at 10:00
Olá Catarina, vou com o meu marido para Principe em Fevereiro. Estou com dificuldade em perceber como nos vamos locomover na ilha. Sei que existem excursões e guias, mas terá que ser sempre através dos hotéis? Por exemplo ficando uma noite no Belo Monte e depois ir para outro hotel, como conseguiria transporte? Entrando em contacto com o hotel da noite seguinte? Pareceu-me interessante aproveitar a boleia e fazer assim um dia como a Catarina fez. Só vamos 2 dias e meio e queria conhecer algumas praias, entre elas a Banana, Boi e Bombom. Obrigada desde já.
pelomundo13
9 de Dezembro de 2019 at 11:47
Olá Rita, eu fiz sempre atravês dos hotéis e correu muito bem. No hotel seguinte pedi para me irem buscar ao hotel anterior. E acordei com os hotéis os passeios a fazer. Eu fiquei dois dias só também. Com o Belo Monte visitei algumas roças e praias e com o Makaira fiz uma excursão de um dia inteiro de buggy por outras praias. Foi fantástico!!!
Boa viagem!!!