Ilha do Principe…

Ao terceiro dia aterramos na ilha do Príncipe, uma pequena ilha verde com apenas 6 mil habitantes, que mais parece estarem a brincar aos náufragos perdidos no meio do oceano atlântico. 

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Se São Tomé é pobre, o Príncipe aproxima se do zero absoluto. Quase tudo vem da ilha grande, haja barco para trazer, caso contrário pode ficar sem energia, sem água engarrafada, mas sempre com boa disposição. Há peixe no mar, bananas, mangas e fruta pão nas árvores. Os miúdos crescem soltos, semi nus, correndo e saltando pela erva. A malária já foi erradicada, há calor grande parte do ano e as casas pintam se de cores garridas. 

Príncipe parece uma ilha feliz. Não há ninguém com quem me cruze que não diga que vive no melhor sítio do mundo. E se calhar até têm razão. A paisagem é de cortar a respiração. Acho que nunca na minha vida vi tantos tons de verde, tantas árvores, bananeiras, coqueiros, a contrastar com uma terra tão vermelha, cor de fogo. 

Como em São Tomé, também aqui se vivia das roças de cacau em café. Também aqui a descolonização levou à ruína das mesmas. E dói ver tal cenário de desolação, onde a maioria das vezes a vegetação já tomou conta daquilo que outrora foram hospitais, escolas, casas, armazéns, caminhos de ferro. 

Felizmente, investimentos privados estão a tomar conta da ilha e a tentar fazer desta mais do que um lindo jardim botânico. 

Como é o caso da Roça Belo Monte  onde fico instalada. Uma antiga roça belíssimamente recuperada, com um charme único e ainda por cima localizada logo no topo daquela que é considerada a praia mais bonita de São Tomé e Príncipe, a Praia Banana.

Não conheci todas mas das que vi realmente esta é de uma beleza única.

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Mas começando pelo  início, mal pousamos as malas na Roça Belo Monte fazemo-nos à estrada a caminho da Roça Sundy ( onde em tempos foi comprovada a teoria da relatividade do Einesten) e que neste momento está a ser alvo de um trabalho de remodelacão por parte de um milionário sul africano que se apaixonou pelo Príncipe. 

Aqui vivem neste momento 400 pessoas e a verdade é que parece quase uma vila normal, parada no tempo, os miúdos correm, brincam, as mães grelham peixe para o almoço em pequenos fogareiros, ouve-se música alta a vir das casas. Mas também há escombros e ruínas e telhados prestes a desabar. 

Depois da Sandy vamos até a capital, Santo António, que tem lugar no Guiness como a cidade mais pequena do mundo. 

Meia dúzia de ruas esburacadas, uma marginal decrépita, uma igreja bonita e pouco mais.

Almoçamos na “Juditinha” um restaurante simples recomendado pela excelente mão para a cozinha que a  sua dona tem. Comemos garoupa, peixe chumba grelhado, com um molho de tomate maravilhoso, um arroz solto e ranchinho que é arroz com feijão, peixe seco, óleo de palma, coentros e pau de pimenta preta. Juditinha cozinha, serve e ainda tem tempo para sorrir e tirar uma foto. 

Almoçados, seguimos viagem até ao Terreiro Velho, onde é cultivado o cacau dos famosos chocolates Claudio Corallo.  Para lá dos chocolates, a vista desta roça é magnífica. Dá vontade de ficar por aqui sentada a contemplar. Mas a tarde já vai a meio e ainda queremos ir dar um mergulho. 

Passamos o resto da tarde na Praia Banana, entre mergulhos, leituras e gins tónicos que o Luis nos vai trazendo com simpatia. “Mais alguma coisa Madame?” Pergunta de sorriso aberto. Uma simpatia de rapaz, estudante do 11º ano, a sonhar com uma bolsa que o leve para voos mais altos. Nem que seja para a ilha vizinha onde já há universidade.

À noite é também ele que nos serve o jantar iluminado a lamparinas,  a mesa no meio do relvado, frente à casa principal, uma fogueira acesa no meio, três músicos a tocarem e cantarem músicas locais.

Servem nos uma salada de polvo quase a roçar o ceviche e um prato de peixe bonito grelhado divinal. Jeff, americano também hospedado na Roça e que já anda pela ilha há meia dúzia de dias, diz que é a melhor refeição que teve até agora.
Normalmente o peixe de água quente não é bom, mas em São Tome e Príncipe é divinal. O dive master da Roça Belo Monte explica nos porquê. Pelos vistos aqui há o melhor de dois mundos, água quente à superfície e água fria a 20/25 metros, o que faz com que o peixe seja super saboroso e de carne rija.

Mais um dia que termina bem 😉

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Bom dia, preciso de uma dica:
consegue-se alugar carro, bicicletas para andar pela ilha?
Obrigada

Não sei mas penso que não.

Bom dia, tenho viagem marcada para Abril, seria possível dar-me dicas do que ver na ilha do Principe?

Olá 🙂

Antes de mais, obrigada pelas dicas que aqui deixa da sua viagem.
Da Roça Monte Belo à Sundy, qual foi o meio de transporte utilizado? Há possibilidade de ir a pé?

Obrigada,
Inês

Olá Inês, não é possivel. A Roca Belo Monte tem carros para dar os passeios.

Olá,
Como marcaram o voo para a ilha do Príncipe?

Foi através do site da STP Airways.

Olá! De que forma é que foram de uns sítios para os outros?

ou no carro do mataria lodge ou no da roça belo monte sitios onde ficámos alojados.

Olá!
Muito obrigada pela partilha!
O carro que utilizou quando teve alojada na Roça Belo Monte teve custo adicional? Se sim, pode partilhar quanto e como é que fez para o reservar? (foi no momento da utilização ou aquando reserva do quarto?) É possível conduzir sem guia?
Relativamente ao seu alojamento na Maikara Lodge, a utilização do carro conta sempre com guia? aconselha esse serviço? E já agora, o hotel é agradável? (como é em tenda, não aquece muito?)

Aproveito para pedir desculpa por estas perguntas todas e pelo detalhe que peço. Estou a planear a viagem e não tem sido fácil encontrar estas informações.

Muito obrigada.

Beijinho

Olá Eugénia se quiser tenho todo o gosto em ajudá-la a planear a sua viagem. Tenho uma consultora de viagens, espreite aqui o site: https://follow-me.com.pt.
O carro aluguei atraves de um rent a car em São Tomé, o mataria adorei, as tendas têm todas as comunidades inclusive ar condicionado. No Principe não há carro sem guia. Bjs

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