Não não morri pelas Ásias, nem fiquei por lá em posição de lótus à procura da luz. Tenho andado desaparecida desde que cheguei do Laos, pois o trabalho tem sido muito, as saudades da pequena F. também e para ajudar à festa juntou-se uma virose chata que teima em não me largar. Mas pronto, vamos lá arrancar com o relato da viagem ao Laos, país fantástico, do qual já estou cheia de saudades. Aqui fica o 1º dia:
“Chegamos ao Laos depois de quase 24 horas de viagem, três aviões, duas escalas, muita comida de plástico e um quase torcicolo.
Mesmo assim temos sorte, no voo nocturno conseguimos 4 lugares vagos e vimos estendidos ao comprido qual primeira classe improvisada.
Aterramos em Luang Prabang a meio da tarde e mal saímos do avião somos abraçados por um calor húmido, muito calor, muita humidade.
O aeroporto de arquitectura local parece um pequeno pagode. Lá fora mal apanhamos o transfer para o hotel está o mundo real.
Um mundo real de casinhas de cana, bancas a vender tudo à unidade, crianças descalças a brincar pelas ruas. Um mundo real em que 70 por cento da população vive com menos de dois dólares por dia, em que se trabalha pouco, em que se cultiva mais “dolce farniente” do que arroz.
Laos, país que saiu de muitas anos de guerra e que agora aproveita a paz para fazer pouco. Um cruzamento engraçado entre jamaicanos alentejanos ( sem desprimor para uns nem querendo ofender outros).
Um povo de boa gente mas que gosta mais de estar sentada à soleira da portas ou à volta de mesinhas à sombra do caniço, a brincar com a criançada ou a beber uma cervejinha entre dois dedos de conversa.
No Laos, ao contrário por exemplo do Vietname, só se cultiva uma colheita de arroz por ano, o resto do tempo as mulheres tomam conta da casa e os homens tomam conta de si mesmos. E vai se vivendo.
Simpáticos, afáveis, têm como lema “ go with flow”. Sem pressas, sem dramas. O stress ainda não chegou a este país de verde intenso.
Luang Prabang é o nosso primeiro poiso, e a segunda cidade mais importante do país, tem pouco mais de 1 quilómetro de comprimento, meia dúzia de ruas e dois rios.
Antigas casas colónias transformadas em restaurantes e boutique hotéis.
Padarias cheias de baguettes, croissants e brioches a relembrar a herança francesa. Templos budistas em cada esquina e monges a cada passo dão o toque de espiritualidade.
Aqui parece que até os tuk tuks fazem menos barulho à passagem pelas ruas.
Chegamos aos 3 Nagas, um boutique hotel só com 15 quartos da cadeia Sofitel. Só me falta o vestido à anos 30 para me sentir em pleno filme rodado na Indochina. As madeiras escuras, a cama de dossel, à porta o carro clássico a marcar o ponto.
Não viemos para descansar, por isso mal pousamos as malas, rumamos a desbravar o terreno. Seguimos à beira do rio Mekong até ao Wat Xieng Thong , o principal templo de Luang Prabang.
Está a pinha, um misto de local religioso com feira popular. Acendem–se velas, fazem- se oferendas, preces e rezas mas também há banquinhas de tiro ao alvo, e outras a vender crepes com nutella e balões. Veêm-se famílias inteiras em romaria, avós, pais e netos. Monges de todas as idades.
Cheira a flores e a incenso, ouvem-se batuques a retumbar.
Chega à noite e com o calor a abrandar – um bocadinho – há cada vez mais fiéis a chegarem ao templo.
Já para nós, chegou a hora de jantar, uma religião que também professo.
Esta noite o manjar será no restaurante dos 3 Nagas, uma degustação de vários pratos locais. E não poderíamos ter tido melhor apresentação da gastronomia do Laos.
Para entrada umas maravilhosas algas do rio Mekong com doce picante de búfalo – Khaiphaen Jeund. Pode parecer estranho mas é maravilhoso!!!!
Depois provamos um Phanaeng Kai – carne de frango picada com leite de coco -, carne de vaca saltada com cebola e molho de alho e uns cogumelos com erva principe e ervas do Laos. Como acompanhamento “sticky rice” dentro de um cestinho. Tudo simplesmente maravilhoso. Até a sobremesa, que normalmente na Ásia não me encanta, era uma maravilhosa tapioca com leite de coco e fruta da época.
Uma belíssima forma de terminar um dia longo.
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