Marrocos: 5ª dia – Marraquexe

A primeira manhã em Marraquexe começou com um banquete no terraço. Sumo de laranja – as laranjas em Marrocos são fantásticas – panquecas, compotas, iogurte natural, frutas, etc….
Recompostos da viagem longa da véspera, lá começamos a visita por Marraquexe embrenhando- nos pela Medina dentro.
As ruas são estreitas e convém andar colados às paredes das casas porque o tráfego de bicicletas e motoretas é mais que muito. É difícil perceber onde termina e começa o souk – a zona comercial da Medina – pois todas as ruas estão pejadas de lojas a vender colares, tapetes, peças em cobre, brincos, carteiras e botas em pele, cestas de palha, kaftans e especiarias várias.
Desembocamos na pracinha Rahba Kedima e paramos no Café dês Epices para beber um café no terraço com vista sobre a praça.

De seguida, rumamos à praça central da cidade, a Djemaa El -fna que seja noite ou dia é uma explosão de gente e cor. Há encantadores de serpentes, vendedores de água com os seus fatos exóticos, homens com macacos para se tirar fotos, mulheres com bancas onde lêem a sina, charretes para passear pela cidade, “dentistas” a vender dentes e dentaduras, malabaristas, homens a tocar tambores, vendedores de mini tagines, frutos secos e bolinhos de coco e amêndoa.
Parece quase um circo ladeado de cafés com terraços estrategicamente virados para a praça.
Num dos extremos da Djemaa El -Fna, fica a mesquita Koutobia com o seu minarete de 70 metros de altura, datado do século XII e que serviu de protótipo para a La Giralda, em Sevilha.
Cinco vezes por dia é também do topo da Koutobia que ecoa o “adhan”, o chamamento para a oração dos muçulmanos, que se ouve por toda a cidade.

A pé seguimos para os túmulos de Saadian, um mausoléu sumptuoso, onde não faltam mármores de Carrara e trabalhos pintados a ouro. É aqui que está enterrado o sultão Ahmed al Mansour, que morreu em 1603.
Este mausoléu esteve ao abandono até 1917, altura em que foi captado numa fotografia aérea. Depois dos túmulos e aproveitando a hora de mais calor, resolvemos fazer uma paragem estratégica no restaurante  em frente, o Kasbah Café para um almoço rápido.
Sentados num terraço, à sombra de chapéus de colmo, pedimos umas omoletes beberes, que vieram afinal para a mesa como ovos mexidos com pimentos verdes e encarnados. Muito saborosos, no entanto,

Pela tarde seguimos para o Badi Palace – onde ja só existe pouco mais do que as paredes laterais – e que quando foi construído no séc XVI,  foi apelidado de  “O incomparável” .
Pelas suas ruínas, ainda se consegue vislumbrar que terá sido gigantesco. Se o calor não for impeditivo – como foi para nós- vale a pena subir ao topo para ter uma bonita vista sobre a cidade.

Daqui seguimos para o vizinho palácio Bahia, datado do século XIX e que é um óptimo exemplo da arquitectura andaluz, com os seus ladrilhos, os seus rendilhados e os seus pátios interiores . Foi aqui que viveu em tempos o vizid Bou Ahmed com as suas quatro mulheres e 24 concubinas.

O palácio tem ao todo 150 quartos e 8 hectares mas só uma ínfima parte está aberto ao público.
Cansados e encalorados resolvemos pôr fim à parte lúdica e aproveitando a proximidade ir abrir as hostilidades para o terraço do Kosybar, um dos raros sítios na Medina que tem licença para vender bebidas alcoólicas. Pena que o vinho – a Cuvee du President- seja servido invariavelmente morno e que o gelo seja impróprio para ocidentais pouco habituados às águas marroquinas, como é o nosso caso.
Para terminar o dia e antes de irmos jantar ao Le Jardin – um restaurante giro, mas giro mesmo na Medina- ainda demos uma volta pela praça central, onde todas as noites se montam dezenas e dezenas de barraquinhas a vender petiscos marroquinos debaixo de uma fumarada sem igual. Há caracoletas, espetadas de carnes várias, saladas, tagines e cuscuz. Tudo produtos frescos e cozinhados, as condições de higiene essas é que não são das melhores, pelo menos se levarmos em conta o alguidar de água fétida onde vimos os pratos a serem lavados.


Terminar o dia com um jantar  no Le Jardin, um pátio num antigo riad do século XVII, foi mesmo a melhor das opções. No meio da vegetação, sentimos que chegámos um oásis no meio da caótica Marraquexe. Paramos no tempo a saborear o momento, as saladas marroquinas e o misto de carnes grelhadas e só levantamos arraias quando já não existe ninguém no restaurante a não sermos nós e os empregados.

Para primeiro dia Marraquexe já nos convenceu. Vibrante, apaixonante, sedutora. Um misto de África com um toque exótico, quase a cheirar a Oriente.

Continuaremos amanhã…

Tags:
Deixe um Comentário