Nepal – A chegada a Kathmandu

E aqui começa o relato da minha viagem pelo Nepal e Butão, dois países tão dispares apesar de vizinhos. E tão fascinantes, cada um à sua maneira. Uma viagem que adorei e que recomendo muito. Para já aqui fica os traços gerais do Nepal e à noss chegada a Kathmandu.

Um país com uma história um tanto quanto turbulenta: década de terror maoista de 96 a 2006 – só em 20o5 morreram cerca de 13 mil pessoas muitas delas civis – o assassinato da família real pelo próprio príncipe em 2001, chateado por não se poder casar com quem queria, a Meca dos hippies nos anos 60,

Hoje os guerrilheiros tornaram se ministros, a luta armada juntou se ao exército nacional, a monarquia terminou de uma vez por todas e finge-se que se vive em democracia. Pelo menos já não há tantos jornalistas presos como em 2003 ou 2005, anos em que foi o país do mundo considerado com a maior censura.

Continua a ser o 10º pais mais pobre do mundo – o terramoto do ano passado não veio ajudar em nada- estima-se que 7milhõess vivem abaixo do limiar de pobreza e dos 31 milhões de habitantes três 83 por cento continua a viver no campo sustentando-se da agricultura.  Os casamentos continuam a ser arranjados e ninguém se casa sem primeiro ir a um cartomante para este dar o aval.

No Nepal as mulheres valem pouco, há mesmo um provérbio que diz que criar uma rapariga é como regar o jardim do vizinho. Mais de 60 por cento são iletradas e todos os anos cerca de 15 mil são vendidas para fábricas, escravatura sexual etc…

Chegamos a Kathmandu ao final do dia. Um calor abafado recebe-nos logo na pista. Para tirar o visto à chegada o processo é moroso. Existem 20 guichets mas só dois estão em funcionamento. Pedem nos 25 dólares ou 24 euros ( já vi melhores câmbios) por pessoa.

Quando finalmente conseguimos sair já é noite.

O caminho para o hotel é feito numa van já meio enferrujada mas claramente em melhor estado do que a maioria dos carros que circulam pela estrada.

A iluminação das ruas é quase nula, aliás como em quase todos os países pobres. Mas porta sim porta sim vê se uma mercearia, iluminada praticamente à luz das velas, com grandes escaparates de rebucados, bolachas e bananas. Muitas bananas.

 

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Vê-se muita gente a caminhar à beira da estrada. Os nepaleses são muitos, cada vez mais. Se em 1950 eram 8 milhões agora são 38 e com uma média de idades de 23 anos.

Chegamos ao bairro do nosso hotel em pouco mais de 15 minutos: Tamal, um bairro frenético apinhado de restaurantes, cafés, lojas, pequenos hotéis. Um emaranhado de ruas estreitas, de placards e neons, pashminas e cabos de electricidade. Uma confusão diabólica mas onde motas, carros, tuk tuks e pessoas parecem movimentar-se numa dança suave. Não me parece haver grandes pressas por aqui, embora à primeira vista tantas luzes, tantas cores nos induzam ao contrário.

 

 

O nosso hotel é um pequeno oásis no bairro de Tamel, no meio da confusão uma alameda frondosa desemboca num antigo palacete da época Rana, longe do burburinho das ruas, dos mil e o neons, das lojas, do barulho das motas e das buzinadelas incessantes.

O quarto é simples, sem nada de luxos e uma ventoinha apenas. Mas os exteriores do hotel são bonitos, no meio um jardim com mesas e cadeiras de ferro forjado onde ainda nos sentamos a bebericar uma cerveja local e a ouvir a actuação de uma dupla de músicos que dedilham uns instrumentos indefinidos.

 

Já refrescados e sem grande tempo para mais delongas pomo-nos ao caminho para ir à nossa primeira prova de comida nepalesa.

Dez minutos a pé pelas ruas labirínticas do bairro e lá chegamos ao Tamel House, restaurante de comida tradicional onde o jantar é acompanhado por duas meninas de traje regional a cantarem umas musicas melodiosas enquanto dançam com gestos suaves e elegantes.

O restaurante tem um pátio interior muito engraçado com uma mezanine em redor.

 

 

Pedimos o menu de degustação – cerca de 10 euros por pessoa- e logo para começar somos servidos de uma sopa, sopa hiper aromática típica do país, e de uns momos considerados o prato nacional e que foi logo aprovado com nota máxima. Os momos são uns pastéis cozidos a vapor que podem ter vários recheios. Estes tinham carne picada e vinham acompanhados com um molho de tomate e especiarias, mas há com vegetais, maçã e canela, etc…

 

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Tão bonsssss.

Depois das entradas, serviram-nos então os vários pratos principais, peixe frito, grelos salteados com especiarias locais, javali, vegetais em molho de caril, frango marinado e o guisado de lentilhas -dhal – que por aqui juntamente com o arroz, acompanha sempre qualquer refeição.

 

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Para acompanhar serviram nos vinho de arroz que me cheirou a aguardente é que só não me soube também a aguardente porque não provei. Fiquei-me pela cerveja Evereste que acompanhou perfeitamente os sabores exóticos do jantar.

No fim, já rendida à cozinha nepalesa ainda nos trouxeram uma sobremesa muito boa, pouco doce, à base de iogurte, avelãs e canela. Uma combinação perfeita para limpar a boca de toda a mistura explosiva de condimentos.

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Que belo jantar de boas vindas 😉

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Blog Comments

Ola pessoal,
Senti me consternado pelos nepaleses ao tanto de sarcasmo utilizado em sua matéria. Sim, é um país pobre, materialmente; mas poucos países no mundo se orgulham tanto da sua cultura, suas religiões e sua natureza como eles. Pois bem, quando um nepalês estiver em nossas terras, que ele não retorne com a mesma impressão.
Abracos.

Olá Clayton não noto qualquer tipo e sarcasmo no meu artigo nem foi essa a minha intenção. Relatei apenas factos históricos e sim, infelizmente, é um povo pobre e sofrido. Um povo por acaso com o qual simpatizei bastante. Aconselho -o a reler novamente. Boas viagens. Catarina

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