A nova Bali
“Longe dos resorts massificados e das praias ultra concorridas, a ilha mais popular da Indonésia esconde ainda muitos segredos. Catarina Serra Lopes partiu à sua descoberta e encontrou uma Bali de galerias de arte, boutique hotéis, campos de arroz. praias semi-desertas, plantações de café, lagos e montanhas. Uma Bali a não perder.”
Desde os finais da década de 70 que a ilha de Bali na Indonésia faz parte da rota do turismo mundial. Primeiro pé ante pé, mais tarde a todo o vapor. De circuito hippie, surfista, “backpacker”, hinduísta, tornou-se nos últimos anos circuito “todos e mais alguns”. Num repente Kuta e Semniyak, os dois principais pólos turístiscos da ilha tornaram-se um amontoado de restaurantes, bares, discotecas, lojas de “souvenirs” e protectores solares. Na verdade não falta animação, mas também não falta trânsito, barulho, filas para tudo e mais alguma coisa e gente, muita gente.
Mas não se pense lá por isso que Bali perdeu a sua magia, se há locais da ilha ultra explorados, há aqueles que permanecem com uma aura muito especial. Um ambiente único de “dolce fare niente”, no meio de uma paisagem luxuriante, com o cheiro das especiarias asiáticas, do incenso dos rituais hindus. Com a mística que provém dos templos, dos mil e um deuses, do yoga, da meditação.
E se há sítio onde se vive tudo isto e mais um pouco, esse sítio é sem dúvida Ubud. Bem no centro de Bali, entre plantações de arroz e montanhas, esta é considerada a capital cultural da ilha. Não faltam galerias de arte, ateliers de pintura, lojas de artesanato.
Diz –se que que quem chega a Ubud e vem com a ideia de ficar dois ou três dias, acaba sempre por ficar duas ou três semanas. E a verdade é que apetece. Seja para explorar toda a parte artística, seja para provar as iguarias dos seus inúmeros restaurantes, seja para passear pelos vários percursos de trekking que se estendem por montes e vales, atravessando campos de arroz e florestas semi-virgens.
Há quem venha também para meditar num dos muitos templos que existem na zona. A verdade é que esta é uma terra especial. Que o diga Henry Mellington, 38 anos, um dos muitos ocidentais que veio para Ubud passar uns dias e acabou por ficar. Inglês de nascença, mas “com uma alma do mundo”, segundo afirma, veio para Bali para surfar mas acabou por deixar a costa e ficar rendido ao interior. “Quando descobri Ubud senti me logo em casa, foi uma sensação que nunca tinha sentido antes”. Arrumou a prancha e dedicou-se à pintura, “outra paixão antiga”. Entretanto enamorou-se de uma artista local e prepara-se para fazer a sua primeira exposição na sua galeria. “Não sei quanto tempo é que vou ficar por aqui, mas nunca me senti tão bem em parte alguma”, remata com o sorriso de quem está em paz.
Apesar de apetecer ficar, Ubud é também um óptimo ponto de partida para se visitar a parte central da ilha. De carro, esta zona faz-se bem num dia, com subida às montanhas e descida aos lagos. Pelo meio uma paisagem de sonho, muito verde, muito tropical.
A zona de Danau Bratan é um dos sítios a não perder. É aqui que fica um dos templos mais especiais de Bali, o Pura Ulun Danu Bratan, construído no século XVII, em cima de várias ilhas, no meio de um lago. É um dos locais mais sagrados da ilha e recebe por ano milhares de peregrinos.
Do templo seguindo pela estrada rumo a Oeste, outra das regiões do centro de Bali que merece uma visita é Munduk, uma das zonas montanhosas mais altas da ilha. Vale a pena apreciar a vista que se estende até ao horizonte por entre montes, planaltos e vales. Daqui é possível ver até as praias do Norte, como Lovina e os lagos Danau Tambligan e Danau Buyan.
Esta é a zona das plantações de café, de baunilha, de cacau, criadas pelos holandeses desde o principio do seu domínio em 1890.
Munduk, é também perfeita para os fãs das caminhadas. Por aqui não faltam trilhos por entre a floresta e cascatas para refrescar.
E refrescar é a uma das palavras de ordem numa ilha cercada de praias como Bali. Deixando para trás as mais concorridas, nada como descobrir Nusa Dua, a zona que já há quem chame de “Nova Bali”.
Fica mesmo no Sul da ilha, onde começa o mar e acaba a terra e é o local perfeito para quem quer ir passar uns dias de férias a um sítio sem barulho, sem trânsito, sem poluição, sem vendedores ambulantes. Mas não haja ilusões: vida nocturna nem vê-la. Por aqui a onda é mais golf – tem um campo com 18 buracos – dias de praia, boa comida – o marisco e o peixe fresco é uma das especialidades locais-, cocktails, passeios por entre jardins verdejantes e uma paz que nos dias de hoje não é fácil encontrar na maioria dos destinos turísticos.
A praia estende-se por quilómetros e tem zonas praticamente desertas, a água é tépida, com pouca ou nenhuma ondulação. As noites são amenas e embora já haja bastantes hotéis na zona, não se dá por eles, de tal forma a construção foi bem planeada. Só se vêem alamedas verdejantes, palmeiras e grandes relvados. Um ou outro turista em a fazer a sua corridinha, ao fundo dois jogadores de golfe.
“Em Nusa Dua um dia tem mais horas”, segundo afirma Karl Swaer, um americano de 45 anos, que pelo terceiro ano consecutivo passa aqui as suas férias. “Comecei por vir para Bali para a zona de Kuta, mas aquilo cada vez tem mais gente, mais confusão e eu não me apetece propriamente passar as minhas férias como se estivesse metido no trânsito da Quinta Avenida”.
Foi através de uns amigos que descobriu Nusa Dua e “foi paixão à primeira vista”. “Tudo tem um ritmo próprio e lá que é um bom ritmo, lá isso é”, remata.
Para quem quiser relaxar, ler um bom livro a ouvir apenas o barulho do mar, dar uns bons mergulhos, jantar peixe acabado de ser pescado. À noite o único barulho é o da natureza. O ceú fica pejado de estrelas, até a lua parece maior. Uma Bali diferente. Uma Bali nova. A descobrir.
Como ir
A Tap em conjunto com a Qatar Airways voa regularmente de Lisboa para Bali com escala em Paris e Singapura. Tarifas à volta dos 1070 euros já com taxas.
A partir do Porto as companhias são as mesmas mas os bilhetes são à volta de 70 euros mais baratos.
Onde ficar
Em Ubud:
Four Seasons Sayan. http://www.fourseasons.com/sayan/. Duplo a partir de 360 euros por noite.
Este boutique hotel construído no meio de uma paisagem verdejante, mesmo nas margens do rio Ayung e com vista para os socalcos das plantações de arroz. Óptimo ponto de partida para um “trekking” pela região.
Este hotel tem apenas 18 suites e 28 villas. Os hóspedes têm ao seus dispor diversas actividades de lazer desde caminhadas com guia, descidas de rafting, aulas de yoga e passeios à vila de Ubud.
Em Nusa Dua:
Amanusa. http://www.amanresorts.com/amanusa/resort.aspx. Duplo a partir de 700 euros.
Mesmo no Sul da ilha, este boutique hotel tem apenas 38 suites, das quais oito com piscina privativa. Um restaurante de comida indonésia e tailandesa, uma praia semi privada, campos de golfe e ténis à disposição dos hóspedes e um spa que oferece vários tipos de tmassagens balinesas são alguns dos “must” deste lodge.
Onde comer:
Em Ubud
Babi Guling Ibu Oka. Em frente ao Palácio de Ubud. Para almoçar porco no espeto, uma das especialidades locais. Pode pedir a pele tostada, a gordura frita ou apenas a carne. Peça arroz para acompanhar. Um pormenor: neste restaurante os sapatos ficam à porta. As mesas são baixas, come-se descalço, sentado no chão.
Preço médio por pessoa: 3 euros sem cerveja, 6 euros com cerveja. As bebidas alcóolicas em Bali são por norma o dobro do preço do prato.
Three Monkeys. Ideal para jantar. Fica mesmo à beira de uma plantação de arroz, na rua principal de Ubud. As paredes estão cobertas de quadros de jovens artistas, as mesas têm velas. Prove uma das especialidades locais, o Ayam Betutu –Frango desfiado servido em molho de especiarias, acompanhado de arroz amarelo e vegetais.
Preço médio por pessoa sem bebidas alcoólicas: 5 euros.
Em Nusa Dua
Para lá do restaurante do Amanusa – altamente recomendável – na zona de Nusa Dua não faltam restaurantes. Princpalmente na zona comercial chamada Bali Collection. Aqui encontra restaurantes de todo o tipo de comida desde pizzas a noodles, marisco, picanha.
Como se deslocar
Ao longo de toda a rua principal de Ubud, bem como nas suas transversais não faltam lojas de aluguer de carros com ou sem motorista. Como a condução é pela direita e as estradas em muitos troços deixam a desejar, aconselha-se a que alugue o carro com motorista. Têm todos ar-condicionado e a gasolina está incluída no preço. Um dia a dar a volta à ilha de Ubud a Nusa Dua custa cerca de 40 euros.
Quando ir:
De Junho a finais de Outubro é a melhor altura para ir a Bali. Embora o tempo seja quente durante todo o ano, estes são os meses da época seca.
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