Último da na Índia: Poovar e Somatheram

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Ao quarto dia despedimo-nos de Kovalam. Sem saudades.  O hotel tem praticamente só clientes indianos e o buffet do pequeno almoço está recheado de caris e papads. Graças a Deus, ovos mexidos é um prato que já foi adoptado por quase todas a culturas. E o café de saco.

Remato com um abacaxi maravilhoso e pomo-nos ao caminho, hoje para uma viagem de pouco mais de meia hora, até Poovar, uma zona onde a natureza ainda é rainha.

Um delta magnífico, onde dizem os locais que desaguam 44 rios da India, um coqueiral a perder de vista, lagoas, riachos e pássaros a dar com pau.

Nunca fui muito dada ao “bird watching” como já disse anteriormente, mas por aqui até eu me surpreendo a tirar fotos entusiasticamente a mergulhões de asas abertas a secarem ao sol, king Fischer multicolores no meio da vegetação, patos, garças, corvos, flamingos. 

Um cenário maravilhoso que percorremos de barco pelos braços de água fora, até ao mar, onde encontramos uma praia de areia branca, que estaria deserta se não fossem só vendedores de cocos e de saris que esperam sequiosos pelos turistas.

Surpresa das surpresas, o acesso ao mar está vedado por uma corda onde ondulam ao vento bandeirinhas encarnadas. 

Explicam-nos que desde há 3 anos atras quando morreram aqui três pessoas afogadas que o governo proibiu os banhos nesta praia. 

Os turistas indianos não desarmam e fazem poses à beira-mar, de sorriso aberto para a foto. 

Interrogo-me se muitos destes é a primeira vez que veêm o mar tal é o entusiasmo.

Embarco novamente até ao porto final, depois de uma hora e meia de passeio que vale cada rupia.

Surin espera-nos para nos levar para aquele que será o nosso último poiso em Kerala, o Somatheeram Resort. 

Fica a uns 10 km a sul de Kovalam e foi o primeiro hotel ayuvérdico a aparecer na zona, na década de 80.

Um autêntico oásis que nos limpa de imediato a ideia negativa de Kovalam. 

Cabaninhas de madeira, uma piscina infinita, uma praia a perder de vista com meia dúzia de espreguiçadeiras e uma imensidão de barcos de pesca enfileirados pelo areal fora.

Um mar lindo, uma água quente e um coqueiral sem fim. Podiamos pedir mais? Podiamos. Uma caipirinha cheia de lima e gelo. Mas por aqui só sumos de fruta e águas aromatizadas com cardamomo, gengibre ou hortelã. 

Somatheeram como já referi antes é um hotel ayuvérdico e como tal é todo virado para o yoga, para a meditação e para mil e um tratamentos á base de plantas, massagens e terapias holisticas. 

Só médicos homeopatas são 20 ao dispôr dos clientes e para quem não for fluente em inglês até há tradutores de todas as línguas e mais algumas para traduzir as consultas. 

Há quem venha para cá todos os anos fazer um programa de uma semana anti-stress, anti -aging, detox, afrodisíaco etc…há para quem uma semana não seja suficiente para alinhar os chacras e repor as energias e venha 20 ou 40 dias. 

Pelos espaços comuns veêm- se hóspedes de batas verdes, toucas na cabeça e caras pintalgadas com máscaras de sabe Deus o quê. Há flores por todo lado e o cheirinho pelo ar é qualquer de coisa de sublime. 

Não sou muito dada a este género de coisas mas confesso que se não fosse a falta de tempo, era menina para ficar por aqui uns dias a fazer massagens, e a mergulhar nas águas cálidas do Índico. 

No restaurante, também ele em madeira, aberto sobre o mar, o buffet é todo ele vegetariano. Há sopas, caris, saladas frias, sementes, raizes, bagas e frutos vários. 

E há uma vista de sonho sobre a costa e o o oceano. E para tornar o ambiente ainda mais místico há os cânticos que ecoam pelos megafones da igreja católica que fica no meio do coqueiral a uns 200 metros do hotel. 

Explicam-nos que como estamos próximos do Natal, os megafones não irão parar de debitar cânticos e orações. Durante um dia até nos soa bem, dá cor ao ambiente. Mais do que isso acho que poderá despertar desejos assassinos no mais pacifico dos mortais.

Como comprovo no dia seguinte às seis e meia da manhã, quando ao pequeno almoço, já despertos pelas orações, uma hóspede me confessa  estar a atingir o seu  limite. “Estou cá há uma semana e todos os dias acordo às 5 com esta barulheira, tivesse eu uma tesoura e iam ver o que é que eu já tinha feito. Eu sou católica, mas isto é o inferno”. 

Tampões para os ouvidos, meus senhores, tampões para os ouvidos é o segredo para não deixarmos que a tortura do sono abale a nossa fé 😉

Passamos o dia no Somantheeram em puro relaxe entre a praia e a piscina, ao final do dia ainda assistimos a um show de banjo e à noite deliciamos com novos pratos vegetarianos que acompanhamos com um chá de ervas enquanto asssitimos ao longe, na praia, os pescadores a arrastarem as suas canoas para o mar. Quando nos deitamos já são às centenas os pontinhos de luz até ao horizonte.  

Voltaremos a vê-los chegar no dia seguinte ao raiar do sol, a puxarem as redes à nossa despedida.

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Até um dia Kerala.

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