Num mundo perfeito nunca choveria durante uma viagem. A verdade é que tudo fica mais bonito com sol e céu azul. Mas a verdade também é que às vezes chove e cabe-nos a nós sacudir a água do capote e não nos deixarmos acabrunhar por tal.
O segundo dia em Praga acordou cinzento, o sol meio tímido e com uma chuvinha que foi aparecendo e desaparecendo. Mas Praga é linda de qualquer maneira, mesmo vista entre pingos de chuva.
Depois de um fabuloso pequeno almoço no Augutine – confesso que nunca tinha antes visto um buffet de pequeno almoço com favos de mel – lá nos pusemos a caminho novamente da Praça da Cidade Velha. Nós e mais um mundo de gente. De máquina em punho, a atropelarem-se, chineses, russos, franceses italianos, numa amálgama de línguas e culturas. Uns empurram, outros nem olham por onde vão, alguns parecem completamente absortos seguindo um guia de bandeirinha em punho.
A Ponte Carlos é linda realmente, mas preferi percorrê-la pela calada da noite com menos gente, a Praça do Relógio tem edificios surpreendentes como a Casa do Minuto – onde viveu Franz Kafka na sua infância, construída em 1611 e tem as paredes cheias de “grafitis” da época – mas quando tentei subir à Torre da Ponte a fila quilómétrica desincentivou-me.
Confesso que por mais que goste de viajar ainda não me habituei às multidões de turistas. E fujo a sete pés. Para as ruas de dentro, onde não há lojas de souvenirs e imans de frigorifico.
Aliás, fica aqui a dica, se quiser comprar presentes em Praga, não se perca nas lojas todas iguais, vá ou ao mercado junto à rua Havelska ou à loja Local Artists Se onde há esfoliantes e champôs à base de cerveja, marionetas de madeira, chocolates made in Praga e muito mais. Tudo sem ar de quinquilharia para entupir gavetas.
Mas voltando ao nosso périplo, lá seguimos até à Torre da Pólvora que fica ao lado da Casa Municipal um dos edificios mais bonitos da cidade. E isto numa cidade em que são todos muito bonitos é obra.
Vale a pena entrar para admirar o café, o restaurante, tudo art- nouveau, e ser transportado para outros tempos.
Ao lado o Hotel Paris é outro exemplo magnifico deste estilo e o seu café parece saído de um filme. Perfeito para um almoço romântico.
Seguimos depois pela rua pedonal Na Pirkope, cheia de Zaras e afinse finalemntte desembocámos na grande avenida que leva à Praça Venceslau, centro da cidade nova. Confesso que não fiquei encantada, os edificios não são tão bonitos como no resto da cidade e a exemplo de outras grandes avenidas europeias, já há demasiados Macdonalds para o meu gosto.
Como já se estava a aproximar a hora de almoço, acabámos por nem percorrer a avenida toda e voltámos para a parte mais antiga, onde escolhemos para almoçar o Café Mistral, um pequeno café restaurante no Bairro Judeu, de ar clean e com fama de ter uns óptimos “fish and chips”. E foi isso mesmo que resolvemos experimentar. E acertámos. O “fish and chips” vem sequinho, embrulhado em papel pardo e com uma fantástica maionese de pimenta preta.
Ao pé do restaurante fica o Cemitério Judeu, mas como não sou grande fã de visitar cemitérios – embora este até seja hiper famoso – optámos por ir dar uma volta pela rua Parizska, uma rua linda, com prédios de fachadas fantásticas e onde se encontram todas as lojas de alta costura.
O resto do dia passou-se em deambulações pela cidade, sem rumo certo. Bebemos um café no fantástico Kavarna Slavia, um dos mais antigos e históricos cafés de Praga, onde ainda é possivel lanchar ao som de piano, passeámos pela beira-rio, admirámos o soberbo edificio da ópera.
Acabámos ao final da tarde por ir tentar beber uma cerveja no bar U Zlateho Tygra. Digo tentámos pois não conseguimos. O bar é pequeno, estava à pinha, cheio de checos com o dobro do meu tamanho, ou mais, e todos com cara de muito poucos amigos.
Na realidade os checos não são especialmente simpáticos, pelo menos aqueles com quem nos cruzámos e então neste bar o ambiente era mesmo hostil. Ainda encontrámos uma mesa para 4 só com dois lugares ocupados, mas mal perguntámos se nos podiamos sentar, disseram-nos que não com um ar “Go away”. E nós fomos. Que eu não sou de gostar de quem não gosta de mim.
Resolvemos ir experimentar então o Prague Beer Museum, que apesar do nome não é nenhum museu nem está pejado de turistas a beber cerveja manhosa e a acharem que é a última Coca -Cola do deserto.
Na realidade é um bar bem local, onde se podem provar dezenas de cervejas diferentes – até há um menú das cervejas a explicar as variantes de cada uma. Há até uma opção de degustação de 5 cervejas de 15 ml cada. Os copos vêm para a mesa num suporte de madeira muito engraçado.
Aqui pelo menos sentimonos bem acolhidos, explicaram-nos o conceito, as variantes de várias cervejas e ainda conseguiram fazer um sorrizito. Nada mau 😉
Acabamos ainda a petiscar uma salsicha com mostarda e rábano picante que estava muito boa. Um final feliz para um dia cheio.
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