Sicilia – 1º dia

Sempre gostei de Itália, posso mesmo dizer que é um dos meus países preferidos, onde regresso vezes sem conta para conhecer novos sítios. Fico sempre encantada, seja pela costa, seja pelo interior. As cidades parecem museus, as vilas costeiras cheiram a mar e a limão, o campo perde-se de vista entre vinhas e pequenos centros medievais. As pessoas são bonitas, calorosas, a comida do melhor que há. Receitas simples que enaltecem os sabores genuínos dos produtos. O tomate suculento, a mozzarella fresca que se derrete na boca, o manjericão que cheira a Verão, as amêijoas gordas, o peixe de carne rija, os verdes vários, os gelados e as pastas frescas…

 

 

Itália é uma mulher roliça de regaço farto, lábios carnudos e olhar pestanejante. Uma mulher de força, de paixões e de lampejos. Que nos seduz à primeira e para sempre.

Do muito que já conheço, faltava-me a Sicília, terra tão conhecida muitas vezes não pelo melhor: a Mafia, a corrupção, a pobreza. Tudo isto com um mar de sonho, vilas caiadas repletas de buganvílias, mesas fartas. Na Sicília é tudo mais, não há meio termo. Fala-se alto, gesticula- se muito, vive se com o coração na boca, a mão na anca, a paixão a correr pelo sangue quente.

 

 

Começamos pela Catânia, cidade de ruas largas, praças, palácios e palacetes, mas tudo com uma aura decadente, a recordar glórias passadas e presentes incertos. Os cafés com lustres no tecto e vitrines douradas, mas os mendigos a porta a pedirem uma esmola.
Catânia quase faz lembrar Havana, com dignidade mas de bolsos vazios.

 

 

Cidade fundada no ano 720, a Catânia é uma cidade que concentra arqueologia, arte, e gastronomia. Foi aqui que nasceu a “Pasta alla Norma”, massa com berinjela tomate e manjericão, criada  em homenagem à ópera Norma de Vincenzo Bellini, compositor local do início do século XIX.

Os apaixonados pela arquitetura barroca ficarão encantados com tantas maravilhas. A Catedral de Santa Ágata, o Palazzo Biscari, o Monastero dei Benedettini são exemplos únicos do barroco siciliano; o parque arqueológico greco-romano com as ruínas das termas, do Odeon Romano e do Anfiteatro; a Via Etnea, rua principal da cidade,com suas lojas, bares, restaurantes e as duas maravilhosas praças, a Piazza Università e a Piazza Duomo, onde está situada a catedral e a famosa estátua do Elefante, marca registada de Catânia.

 

 

Passeamos de dia pela zona central, em cada esquina uma igreja, o céu muito azul, cidade quente. Sentamo nos no Wine Bar Razmataz numa esplanada à sombra de umas árvores a descansar um pouco da canícula da tarde.

 

 

À noite perto do teatro Fellini, descobrimos a Piazzetta Goliarda Sapienza, um típico larguinho italiano, com luzes quentes e mesas de madeira. Sentamo-nos no restaurante La Pentolaccia e sentimo nos no cenário de um filme.

 

 

Jantamos maravilhosamente, risotto de camarão, peixe grelhado um antipasto fabulástico com tomate seco, beringela grelhada, pimentos, queijo.
Que maravilhosa maneira de terminar o dia.

 

 

Na segunda manhã acordamos e vamos directamente para o mercado, que a um sábado de manhã, se revela um festival único de cores, cheiros, pregões e personagens.
Bancas repletas de legumes de cores vivas, frutas de aromas intensos, peixes vários, amêijoas, mexilhões, ostras. Há lombos de atum e de cherne de tamanhos improváveis, que homens carrancudos cortam com grandes cutelos. O barulho é ensurdecedor, estamos na Sicília não haja dúvidas.

 

Damos um último passeio pela rua das lojas e terminamos com um almoço rápido na Cantina Manganelli. Pizzas boas, umas saladas gigantes servidas dentro de uns pães e um empregado do mais antipatico que há. Pedimos gelo para as coca colas, diz nos que não tem, pedimos leite e açúcar para o café, também não há. Um serviço do pior. Salve se a empregada baixinha, morena, que passa o tempo a pedir desculpa por tudo.

 

 

Saímos de Catânia rumo à Marina de Portorossa, 1.30 de viagem até ao nosso catamaran que nos levará as ilhas Eólicas. Aí vamos nós…

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