Nove anos depois do tsnunami…

Crónica originalmente escrita em 2007 para o Fugas.

Tailândia 116

“Três anos depois do tsnunami

Daqui a poucas semanas faz três anos que uma onda gigante se abateu sobre o Sul da Tailândia.

No dia 26 de Dezembro de 2004, Attapong Sawasdirak acordou com uma forte dor de cabeça. A noite da véspera tinha sido dura. Aproveitando o pretexto do Natal, Attapong tinha ido sair com amigos pelos bares da zona. Muito vinho branco ao jantar, umas margueritas para começar os festejos, umas cubas libres para continuar. Noite quente, não faltavam festas à beira-mar. “Só mais um copo e já me vou deitar.” Até ao nascer do sol, quando a cansaço acabou por vencer. Quando Attapong acordou e olhou para o relógio até engoliu em seco… “Eram oito da manhã, o despertador não tinha tocado, eu devia estar a trabalhar desde as sete.” Em vez do alarme do relógio, Attapong nesse dia foi despertado por gritos de pessoas, choros de crianças, passos apressados, barulho de água, barulho de coisas a caírem. “O que me salvou foi a bebedeira que apanhei na véspera, senão à hora a que veio a onda estaria no rés-do-chão do hotel, a trabalhar na recepção. Não teria sobrevivido…. Dos meus colegas ninguém sobreviveu.”

Daqui a poucas semanas faz três anos que uma onda gigante se abateu sobre o Sul da Tailândia.

Tailândia 128

No dia 26 de Dezembro de 2004, Quanchai acordou cedo, tão cedo que ainda era noite. Tão cedo que os filhos e a mulher ainda estavam a dormir embalados pelo som da maré na pequena casa à beira mar. Quanchai vestiu-se, fez o pequeno-almoço e só depois acordou a família. “Eram umas quatro da manhã e a viagem ia ser longa. A minha mãe tinha morrido na véspera, já ao final da tarde e tínhamos que ir para o funeral no Norte do país.” Foi o que os salvou. “Se a minha mãe não tivesse morrido, tínhamos morrido nós, à hora a que foi o tsunami estaríamos por certo ainda a dormir e a nossa casa era mesmo na primeira linha frente ao mar.”

Daqui a poucas semanas faz três anos que uma onda gigante se abateu sobre o Sul da Tailândia.

Tailândia 130

No dia 26 de Dezembro de 2004, Lah, coreana de sangue e tailandesa de coração, acordou ainda de madrugada pronta para mais um dia de trabalho. “Os peixinhos não esperam”, diz esta mergulhadora de profissão, guia nos mares das ilhas Phi Phi.

“Quando a onda veio estava debaixo de água com seis pessoas, não sentimos nada, só quando viemos ao de cima e vimos o cenário de desgraça é que soubemos o que tinha acontecido. As ilhas Phi Phi foram o sitio mais atingido na Tailândia. Lah perdeu trinta amigos no desastre.

Dia 26 de Dezembro faz três anos que uma onda gigante se abateu sobre a Tailândia. Desde então, Lah, Attapong e Quanchai garantem que há mais estrelas a brilhar no céu.

Catarina Serra Lopes”

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Adorei! Quando estive nesses sítios não consegui imaginar a desgraça e a destruição, mas todos se lembram e todos conheciam alguém que perdeu a vida naquela onda gigante. Lembro-me de chegar com um guia a uma ilha, de barco, com todo aquele cenário fantástico de palmeiras e água turquesa à minha frente e ser “acordada” pelo guia que me disse: “estás a ver esta praia toda? Não sobreviveu nem uma pessoa”.

Realmente eles reconstruiram tudo em três tempos, mas quando se ouvem as histórias é de arrepiar.

LINDO PAÍS! NEM DA PRA IMAGINAR QUE ACONTECEU AQUELA CATÁSTROFE

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