5º dia – Tikal

Normalmente acordo de bom humor e de bem com a vida, mas confesso que se acorda ainda bem melhor no La Lancha, quando se abre a porta do quarto e mal saímos para a varanda em deck nos deparamos com um lago de sonho, um dia de sol radioso e uma vegetação luxuriante em redor.

 

 

Até  se sente o ar mais límpido, as cores mais vivas, o corpo mais leve.
Mas apesar de adorar o hotel não foi isso que nos trouxe ao Norte da Guatemala e depois de um  café forte e de um prato de frutas tropicais do mais saboroso que comi nos últimos tempos, lá arrancamos para mais uma hora de viagem até ao nosso destino, Tikal, que foi em tempos uma das maiores cidades da civilização Maia, entre o século IV A.C. e o século X D.C.

 

 

Confesso que não sou propriamente aficcionada nas arqueologias,  mas adorei ir ao Angkor Wat, fiquei fascinada com Petra e já prometi a mim própria que algum dia ainda volto a Bagan, em Myanmar, um dos sítios mais lindos e mágicos onde estive na vida.
Tudo isto só para dizer que mesmo para uma pessoa como eu, Tikal vale a pena, vale muito a pena.

 

 

Porque tem uma história fascinante com tantos anos que nem conseguimos contar.
Porque  estima- se que tenham vivido por lá umas 100 mil pessoas e é sempre fascinante andarmos por caminhos pisados por tantos durante tantos e tantos milhares de anos.
Porque fica no meio de uma selva cerrada onde se encontram uma das faunas e floras mais ricas da América Central, que até serviu como cenário de fundo a algumas cenas do filme Star Wars.

 

 

Enquanto caminhamos pelo parque, muitos dos templos  aparecem-nos de repente, de surpresa, no meio da folhagem das árvores, quase já fazendo mais parte do mundo da natureza do que da humanidade.  Quase etéreos, muito místicos.
Não é preciso silêncio para que o barulho da natureza seja estonteante e quase aterrador – principalmente os grunhidos dos macacos uivadores que quase parecem rugidos de leões em fúria.
E tudo isto junto faz com que Tikal se revele um sítio mágico, que ainda por cima ainda não está apinhado de turistas, o que permite andar pelo espaço sorvendo a história, respirando, com calma, sem máquinas fotográficas a dispararem à nossa volta.

 

 

 

Mesmo quando subimos ao templo mais alto de todos, de onde se tem uma vista de cortar o fôlego, quando chegamos ao topo só estão meia dúzia de pessoas, em silêncio, uma até de olhos fechados em posição de lótus.
Ao todo demoramos três horas a percorrer o parque, sozinhos, sem guia. Mas há guias disponíveis e circuitos de um dia inteiro ou até mais dias. Há quem vá ver o pôr do sol ou o nascer do sol para o parque. E acredito que seja lindo. Fica para uma próxima, desta vez a ideia da viagem era também descansar e já agora aproveitar o hotel e o lago.
Desta vez optamos por fazer o circuito rápido do guia do Lonely Planet que passa pelos principais templos.
No fim ainda almoçamos uns “huevos revueltos com frijoles” – que estavam uma delicia – num dos restaurantes à entrada do parque e lá regressamos ao La Lancha, sempre à beira do lago Petén, uma paisagem maravilhosa.

 

 

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O resto da tarde foi passado à beira do lago, deitada numa rede a ler um livro e a aproveitar o sol, a temperatura amena, a paisagem de sonho.

 

 

Ao cair da noite, recolhemos à nossa varanda de sonho e ficamos por ali, a ver o sol a pôr-se, a ouvir as cigarras, os tucanos, os macacos, os inúmeros pássaros na sua sinfonia.
Há momentos de que sei que vou ter saudades. Muitas saudades. Esse final de tarde vai ser sem dúvida um deles.

 

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