Há 5 anos estava por aqui…Xangai

“A Nova Iorque chinesa

 Frenética e carismática, moderna mas tradicional, Xangai é a cidade com mais arranha-céus na China.  Com um passado glorioso e uma época de decadência, vive nos últimos anos uma explosão económica e industrial. Um património histórico muito rico, bons restaurantes, lojas e hotéis, fazem desta cidade um dos destinos turísticos do momento.”

 

Chegar a Xangai de avião é já por si uma aventura. A ligação do aeroporto ao centro da cidade é feita pelo “comboio-bala”, assim alcunhado por ser dos mais velozes do mundo. O trajecto de 30 quilómetros é percorrido a uma velocidade de 400 quilómetros por hora.

Inaugurado em 2002, este comboio é actualmente um dos símbolos daquela que é considerada uma das cidades com um maior desenvolvimento económico no mundo.

Situada nas margens do rio Huangpu, no litoral leste da China, Xangai é neste momento a maior cidade do país – já tem 20 milhões de habitantes – e aquela que mais tem vindo a crescer nos últimos anos. Não só do ponto de vista económico e industrial como também em altura.

IMG_5219

Dividida pelo rio, numa margem da cidade fica a parte antiga, do outro lado a parte nova, Pudong, de seu nome. Antiga zona pobre da cidade, desde 1990 que tem vindo a transformar-se num horizonte de arranha-céus espelhados. Bairro de barracas e bordéis, tornou-se em apenas 20 anos, um dos sítios a nível mundial com os mais altos edifícios. O ritmo da construção é tal que estão aqui concentrados um terço dos maiores guindastes do mundo.

DSC_9220

Da margem Sul do rio, Pudong faz hoje em dia lembrar Manhattan. A Torre da Televisão “Pérola do Oriente”, com 457 metros de altura, é um dos arranha-céus que oferece vistas estupendas sobre a cidade. Já à noite, imbatível é o Cloud 9, o bar do hotel Park Hyatt. Fica no 87 º andar e oferece uma vista de 380 graus sobre a cidade. É o bar mais alto do mundo.

Também em Pudong, vale a pena visitar o Museu de História de Xangai, com uma colecção de mais de 120 mil peças, entre as quais algumas das maiores relíquias culturais desde o Neolítico chinês até à dinastia Qing.

Na margem oposta do rio Huangpu, ficam duas das principais zonas da cidade, a Cidade Velha com as suas ruas estreitas, tipicamente chinesas, e a zona das Concessões.

Até 1842, Xangai era uma cidade insignificante, foi só após a sua abertura ao comércio livre que começou a atrair as economias estrangeiras. Em pouco tempo tornou se a cidade mais cosmopolita da China, com milhares de residentes de diferentes nacionalidades. O território foi dividido em Concessões, e nacionais e estrangeiros passaram a viver em versões tamanho miniatura de Inglaterra, França, Estados Unidos, Japão. Foram os anos áureos da cidade, de que ainda hoje é memória o The Bund, a grande avenida marginal, com os seus históricos edifícios coloniais. Autêntico passeio público, é aqui que se encontram alguns dos marcos mais emblemáticos da cidade, como o Peace Hotel, o edifício da Alfândega ou o Banco de Hong Kong e Xangai. Este último, construído em 1921, ficou conhecido na altura como o edifício mais elegante da Ásia.

IMG_5258

Em 1949, altura em os comunistas se apoderaram da cidade, Xangai era o terceiro maior centro financeiro do mundo. Uma cidade rica e boémia, trabalhadora mas também muito hedonista, onde a moda, o sexo, o jogo e ópio se combinavam numa mistura explosiva.

Depois da chegada do comunismo, a cidade só começou a ressurgir após 1990, altura em que adquiriu o estatuto de Zona Económica Especial. Hoje o seu ritmo é frenético.

Nas duas principais avenidas de comércio, que atravessam a cidade, é fácil ser se levado em braços pela multidão. Entre ambas, a Huaiha Lu é a artéria mais chique. Localizada na zona da Concessão Francesa, tem lojas das principais cadeias de luxo como a Luís Vuitton, a Tiffany, a Hugo Boss.

É aqui que fica também o Xintiandi, um pequeno bairro de ruas pedonais e casas antigas transformadas em bares e restaurantes. É um dos centros mais agitados da vida nocturna da cidade e nas noites de Verão, as esplanadas ficam até altas horas da noite apinhadas de turistas, locais e expatriados.

DSC_9336

 

Nanjing Lu, a outra rua de comércio da cidade, tem dez quilómetros de comprimento e vários troços pedonais. Mais de 500 mil pessoas passeiam por aqui diariamente, “ver montras” é um hobbie nacional.

Cuidado nos cruzamentos, entre a multidão, as motas, os carros, as bicicletas e os riquexós, a confusão é muita, principalmente para alguém acabado de chegar do ocidente.

Ao fundo o Parque do Povo e a Praça do Povo são o ponto de encontro de locais que aqui vêm conversar, fazer exercício, passear. No canto noroeste da Praça está o novo Grande Teatro de Xangai, construído quase integralmente em vidro.

Outra atracção no parque é o Museu de Arte Contemporânea, um edifício em forma de caixa de vidro. Tem dois pisos de exposições temporárias de pintura e design.

Junto ao rio, a Cidade Velha é outra parte da cidade que merece uma visita. Em oposição aos edifícios coloniais do The Bund e dos arranha-céus de Pudong, aqui as ruas são estreitas e os edifícios antigos têm estilo oriental. Há um bazar repleto de lojas a vender de tudo, desde “souvenirs” a remédios tradicionais. Os preços são inflacionados mas o regateio mais que permitido, é obrigatório.

DSC_9198

É melhor ir cedo pois este mercado costuma ser bastante concorrido, principalmente aos fins-de-semana. Em redor do lago há muitos restaurantes com comida típica chinesa, como os bolinhos recheados. No meio do lago há a casa de chá Huxingting, um bonito pavilhão chinês construído em 1748.

Na Cidade Velha ficam também os jardins Yu criados em 1559, tempo da dinastia Ming. São muito bonitos e tranquilos e um óptimo sítio para relaxar depois de umas horas a negociar preços no bazar.  Os jardins estão divididos em seis espaços diferentes e têm um Jardim de Rochas, conhecido como um dos mais belos da época Ming, e um Templo do Deus da Cidade, também datado da mesma era.

Jardins paradisíacos, ruas pejadas de multidões, avenidas de lojas a perder de vista, arranha-céus a rasar as nuvens, mercados de rua a vender de tudo o que se possa imaginar, prédios da era colonial e muita gente de várias raças e credos. É assim Xangai, uma cidade mais do que da China, do mundo.

Como ir

A Turkish Airlines tem voos a partir de Lisboa com destino a Xangai a partir de 750 euros já com taxas. Faz uma escala em Istambul.

Onde ficar

No Park Hyatt, em Pudong, no centro financeiro de Xangai. Os quartos ficam entre os pisos 79 e 93, fazendo deste o hotel a maior altitude no mundo. Tem uma vista fantástica de 360 graus sobre a cidade. Duplo a partir de 300 euros. http://shanghai.park.hyatt.com

Onde comer

No M on The Bund. Fica no topo de um dos edifícios do The Bund, com vista para Pundong. Se for à noite, reserve uma mesa para jantar no terraço, a vista é deslumbrante. E a cozinha também. Da autoria de Michelle Garnaut, mistura sabores europeus e asiáticos num resultado final único. Preço médio por refeição: 60 euros.

Catarina Serra Lopes”

Artigo originalmente publicado na revista Tempo Livre

 

 

 

 

Tags:
Deixe um Comentário