Irão: 1º dia em Teerão

Teerão tem cor de areia a fazer lembrar o deserto. Rodeada de montanhas com picos nevados, e uma terra que balança entre o ser e o parecer. Parece que estamos no deserto mas há neve ao fundo, tem 17 milhões de habitantes mas há silêncio, calma, ruas limpas, trânsito intenso mas organizado. Não se vê grande desenvolvimento, quase nada em construção, a inflação está no ponto mais alto de sempre. Não se veêm ricos, mas também não se veêm pedintes. O lenço na cabeça é obrigatório mas cada vez é usado mais disciplicentemente, escorregando rebelde pela nuca.

 

 

 

As vestes  cobrem todo o corpo, nem tornozelos ou cotovelos à mostra, mas a maquilhagem por aqui sobe quase à categoria de arte.
As mulheres iranianas não se perdem, são muito bonitas e cuidam se. Não tive “oportunidade” de comprovar mas diz se que gastam horrores em lingerie e na intimidade do lar bebem bebidas alcoólicas e usam mini saias.
Já em público apesar de recatadas não se escusam a sorrirem e a meterem conversa connosco. “De onde são? Estão a gostar do Irão? Sejam bem vindos…”

 

 

 

Há quem case, há quem viva junto e não case, há cada vez mais quem não ligue nenhuma à religião e as universidades estão cheias de raparigas fortes e independentes que querem fazer da vida o que lhes apetecer fazer dela.
Começamos a visita a Teerão pelo palácio Golestan, que se destaca pelos inúmeros espelhos e vidros colados pelas paredes e tectos. Isto é que é confiar na força da cola 😉

 

 

 

 

Os trabalhos em azulejo são notáveis.
Deste seguimos para o palácio Niaravan, a última residência do último Xá do Irão, Reza Phalevi e de Farah Dibha e dos seus 4 filhos. Foi daqui que partiram para o exílio em 1979 quando a revolução islâmica tomou conta do país.
Lembro me se ser pequena e a minha mãe me contar a história de amor de Reza e Soraia, a princesa lindíssima que lhe arrebatou o coração e de quem se viu forçado a  divorciar se por não conseguir procriar.

 

 

 

O palácio espelha a vida real de Reza e Farah, casal elegante que me lembro de ver nas capas das revistas. Os quartos dos filhos com os seus brinquedos, as casas de banho com autocolantes da Disney colados pelos azulejos, a cozinha, a coleção de vestidos da princesa.

 

 

 

 

Pensar que saíram daqui para nunca mais voltarem dá sempre uma sensação de falta de ar. Reza já morreu, uma das filhas suicidou-se, o filho varão morreu num desastre de aviação. Farah vive hoje os seus 80 anos em Paris, cidade onde se exilaram desde os anos 80.

À tarde e seguindo o ritual típico de uma família iraniana de Teerão à sexta feira – o nosso Domingo- vamos passear para ponte de Tabiat. Veêm-se famílias inteiras em passo lento, crianças, jovens namorados, grupos de rapazes de ar predador, e pintores, muitos, sentados pelo chão a desenharem quem passa ou na pior das hipóteses, a treinarem pintando retratos uns dos outros.

 

 

 

 

Chegou a hora de ver Teerão da Torre de Milad, o ponto mais alto da cidade e onde é possível ter uma perspectiva de 360 graus. Daqui apercebemo-nos da dimensão gigante que tem a capital do Irão. Uma urbe gigante, monocromática que se estende para lá do que a vista alcança.

 

 

 

De volta ao hotel ainda passamos pela antiga embaixada dos EUA, que encerra hoje em dia um museu – está fechado- é uma história de décadas de conflitos, reféns e um bloqueio económico que tem fechado o país sobre si mesmo.
Nos muros circundantes os murais espelham essa revolta e opressão.

 

 

Há sempre dois lados da história e esta não é a excepção à regra.

 

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