Marrocos: 3º dia – Fez

E o terceiro dia foi dedicado a Fez, cidade imperial, património da Unesco, meio Alfama, meio favela, que ainda não percebi se gostei ou não. E não sei se algum dia vou perceber. Uma mistura sem fim, de cheiros, de cores, de prédios a cair aos bocados num emaranhado de ruelas a perder de vista. Lojas de tapetes, de pashminas, de especiarias. Curtumes, oficinas de tecelagem, de cobre, de olaria, tudo isto misturado em mais de 9 mil ruas, algumas com pouco mais de 60 centímetros de largura, num sobe e desce labiríntico onde vivem mais de 750 mil pessoas e que faz da Medina de Fez a maior e a mais antiga do mundo árabe, com um total 1200 anos de existência.

Só mesquitas, existem mais de 300, o número de lojas e de oficinas esse é incontável. Demoramos cerca de 1h30 a fazer o caminho de Meknés a Fez por auto estrada e a conselho de vários amigos que nos disseram ser tarefa inglória tentar conhecer a Medina sem um guia, paramos no primeiro hotel que vimos à entrada da cidade e pedimos ao concierge que nos arranje um guia.

Calhou nos um Mohamed na rifa  – que nome tão original por estas bandas :-)- que nos começa por mostrar o palácio real –  que está fechado ao público, aliás, como todos os palácios reais em Marrocos- e o antigo bairro judaico.

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 Mohamed explica nos que os judeus vieram para Fez em 1411 e vieram muito bem, pois foram tão bem acolhidos neste país – ainda para mais muçulmano – como nunca foram em sítio algum.

Seguimos finalmente para a Medina onde a degradação dos prédios é tal, que muitos já têm andaimes a retardar uma derrocada iminente.
Passamos o resto do dia a visitar fábricas de curtumes, onde o cheiro é tão forte que nos dão um ramo de hortelã para encostarmos às narinas, durante a visita; ateliers de tecelagem onde nos tentam vender pashminas e afins; lojas de ervas e óleos naturais onde noss explicam as propriedade mágicas de coisas como a rosa musqueta e o óleo de argão.
Acabo por comprar apenas um pacote de ras el hanout, uma mistura de especiarias que irei usar para cozinhar futuras tagines.

Para almoçar paramos num restaurante que o guia nos levou – não há volta a dar, quem anda com guia vai onde este o leva – mas lá que comemos bem,  comemos.
Por 15 euros o menu, começou por nos ser servido um set de saladas várias – lentilhas, beterraba, cenoura “à algarvia”, puré de courgette, beringela com canela, massa de pimentão com malagueta, feijão verde salteado etc….maravilhoso.
De seguida entre vários cuscuz e tagines, escolhi uma tajine de frango com amêndoas e cebola confitada que estava simplesmente maravilhosa. As tagines em Marrocos não têm por norma acompanhamento, o pão serve esse propósito.
Para terminar, foi nos servido uma sobremesa muito típica neste país, fatias de laranja polvilhadas de canela.

De tarde, resolvemos dispensar o guia e seguimos nós pelas ruelas – mais ou menos – à deriva.
E a sensação foi tão boa e faz parte… perdermos-nos e encontrarmo-nos , sem grande destino. Faz parte em qualquer viagem e em Fez  faz todo o sentido. Não nos sentimos inseguros, há muita gente pelas ruas e – infelizmente- ainda nos cruzamos com alguns dos restos dos animais mortos na véspera, no Dia do Sacrifício…. 🙁

Despedimo nos de Fez com um chá de menta numa esplanada na pracinha de Bab Bou Jeloud e regressamos a Meknés já ao final do dia para mais um jantarinho no terraço do nosso Riad.
Mais uma sopa harira e mais uma tajide, desta vez de legumes, mais uns brindes, mais umas gargalhadas e adeus Meknés que no dia seguinte é um novo dia e Marrackech espera por nós.

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