Empanadas argentinas
Apaixonei-me por Buenos Aires, mal saí do avião e pisei terra firme. Irremediavelmente, loucamente, sem sentido e sem razão, sem porquês e sem respostas, sem nada, mas com tudo, como só se pode estar quando se está verdadeiramente apaixonado. Foi assim, à primeira vista e para todo o sempre.
Grande, latina, imponente, majestosa, com garra e sangue quente. Com vida e com gosto por viver, sem tabus, sem conceitos nem preconceitos, ao sabor do vento, mas com sentido, com um passo firme, com orgulho em ser quem é. Porque sabe que é bonita, interessante, culta e charmosa. Porque sabe acima de tudo que tem personalidade própria, que tem querer, que tem fibra.
Conhecia-a de uma ponta à outra, da Recoleta, a Palermo Viejo, do Caminito a Puerto Madero. Fui a um jogo de futebol ao estádio do Boca Júnior, provei as iguarias do Sucre e os maravilhosos bifes de chorizo do La Cabrera, dancei e vi “tançar”, um verbo que acho que já deveria ter sido inventado há muito, que dança mais bonita que o tango não há.
Revirei as pequenas lojas de designers locais em Palermo Viejo, subi e desci vezes sem conta a Avenida 9 de Julho, descansei no La Biela, o café mais histórico da cidade e deliciei-me com os gelados da Persicco, de certeza a melhor gelataria do mundo. Pelo menos para mim.
E por fim, terminei em San Telmo, o bairro onde nasceu o tango e onde se reúne a movida porteña aos Domingos. Mais propriamente pela feira de San Telmo, em plena Plaza Dorrego, entre o fashion e o retro, o avant garde e o romântico. Bancas e mais bancas onde se pode encontrar de tudo, desde calendários de parede de 1951 a rádios alemães de 1957, passando por bobines, meias rendadas, jogos de facas, capacetes da I Grande Guerra, LP’s dos primeiros discos dos Beatles, ou a edição da Life de Julho de 1954.
Pelas ruas em redor o espectáculo são as pessoas, de todo o género e feitio, entre bandas de rock e comédia a teatros de marionetas, a bailarinos de tango.
Despedi-me de Buenos Aires, na varanda do El Balcon de La Plaza, a beber umas Quilmes – cerveja nacional – e a comer umas empanadas, com vista sobre San Telmo, a ver um último tango ao cair da noite.
É nessas empanadas que é baseada esta receita. Com vegetais em vez de carne, mas tão boas quanto as originais. Principalmente se forem acompanhadas de uns acordes de tango e de uma cerveja gelada.
Para cerca de 8 empadas
- 2 embalagens de massa quebrada
- 1 pimento verde
- 1 pimento vermelho
- 1 cebola
- 2 ovos cozidos
- 1 colher de sobremesa de alho em pó
- 100 gramas de cogumelos frescos
- 8 azeitonas verdes recheadas
- 50 gramas de mozzarella di bufala
- 1 colher de chá de Tabasco
- azeite
- sal
Esta receita é de duas variedades de empanadas. A primeira parte é igual para ambas, no final é que difere.
Comece então por picar a cebola e os pimentos e leve-os a saltear com alho e um fio de azeite, em lume brando, numa frigideira ou num wok. Tempere com sal. Quando os pimentos já estiverem moles e a cenoura translúcida reserve metade desta mistura.
Para a primeira variedade de empanadas, adicione à mistura que deixou ao lume, os cogumelos fatiados. Espere que murchem e desligue o lume. Corte a massa quebrada em quatro partes e recheie cada uma das partes com uma porção dos pimentos com cogumelos e com uma fatia de mozzarella fresca. Feche os embrulhos.
Para o segundo tipo de empanadas, junte aos pimentos que reservou, os ovos cozidos cortados aos bocadinhos e as azeitonas às rodelas. Junte o Tabasco e envolva bem. Faça os embrulhos de massa quebrada como fez para as primeiras empanadas.
Coloque-as num tabuleiro de ir ao forno, forrado de papel vegetal, a 200 graus. Quando a massa estiver dourada estarão prontas. Sirva com uma salada e arroz branco.
Receita do meu livro Pelo Mundo Com os Tachos
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