Um dia por Londres

 

 

Vivi em Londres há 18 anos atrás. Noutra vida, como costumo dizer. Foi uma experiência fascinante, que me fez crescer, sofrer, aprender. Senti solidão como nunca antes, conheci pessoas fabulosas, descobri quão generoso o ser humano pode ser. Surpreendi-me pelo bom e pelo mau e conheci-me a mim mesma como nunca antes. Hoje olho para trás e vejo- me uma gaiata a aterrar, carregada de malas, a falar um inglês trapalhāo.
Confesso que os primeiros dias foram de uma dureza tal que só não voltei para Portugal porque havia muita gente que tinha apostado que o faria.
Não conhecia uma única pessoa, não conhecia a cidade, o primeiro metro que apanhei foi logo no sentido oposto para o qual queria ir. Cada pergunta que fazia, não percebia a resposta, tão pouco habituada estava ao sotaque londrino.
Não tinha emprego e os cartões multibanco funcionavam tão mal que tinha correr dezenas de caixas até conseguir uma que me desse acesso à conta onde os meus pais, apavorados com a filhinha perdida no mundo, iam depositando dinheiro para as primeiras necessidades. E tão caro que tudo era. O metro, as refeições, o café, o quarto que comecei por partilhar com uma miúda francesa e um frigorífico com um cheiro putrefacto.
Não foram tempos fáceis, mas em poucos dias arranjei emprego, conheci pessoas, fiz amigos, arrendei um quarto numa casa victoriana onde viviam 7 bailarinos/as de várias nacionalidades, comecei um curso de jornalismo e outro de realização de documentários e apaixonei -me perdidamente por Londres.
Durante um ano vivi a cidade intensamente, a tal ponto de ficar a conhecê- la como as palmas da minha mão, melhor que Lisboa, minha cidade de sempre.
Vi dezenas de exposições, peças, concertos, palmilhei a cidade a pé, de trás para a frente, fiz dos parques a minha praia, bebi “pints” sem fim, fui a menos restaurantes que gostaria, mas aprendi milhentas receitas vegetarianas à pala dos meus amigos bailarinos.
Comecei a sonhar em inglês, fiz ainda mais amigos, aproveitei fins-de -emana para conhecer a Escócia, Brighton, Oxford,Cambridge e afins, e quando passado pouco mais de um ano de ter chegado, tive que me ir embora, foi com os olhos marejadas de lágrimas que me despedi.
Durante 10 anos voltei todos os anos, pelo menos uma vez por ano, e a cada aterragem, a sensação indescritível de um regresso a casa. De um abraço. De um conforto.
Nos últimos sete anos por diversas razões não tive a oportunidade de voltar a Londres a não ser em algumas escalas de poucas horas. Até à semana passada. E foi bom. E foi tão bom.
Ainda por cima apanhei um dia lindo, de céu azul, frio, mas sol. A cidade a receber-me de braços abertos, numa mistura do passado que se mantém e de um presente que já não reconheço mas que me seduz. Gostei de ver que se modernizou, que cresceu, que está ainda mais bonita sem perder as suas raízes, sem se perder.

 

 

Ainda circulam os táxis antigos, pretos, mas há autocarros novos de dois andares e várias arranha céus na city e em South Bank o The Shard é ja edifício mais alto da Europa.

O Sky Garden na City tem vistas lindas sobre a cidade. Para os próximos anos está projectada a construção de vários arranha céus para esta parte da cidade.

 

 

Tenho um dia para passear por Londres e em vez de revisitar os sítios de sempre, resolvo ir sim conhecer novos.
Começo pelo almoço, em May Fair no fantástico Coya, um restaurante peruano que tem vindo a dar que falar nos últimos tempos. E tem todas as razões para isso.
Um espaço fantástico, um serviço simpático, uma cozinha do melhor.

 

 

Querem saber mais? Amanhã prometo a continuação….;-)

 

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