Doce Bazaruto
Júnior tem 14 anos, Paulo 12, irmãos de sangue e de coração. Meninos sozinhos, “mãe morreu primeiro, pai depois”, ganham a vida a passear turistas pelo arquipélago de Bazaruto. Ao final da tarde, num barco de velas remendadas mas com champanhe a bordo. “Isso é bom?”, perguntam, curiosos.
Não sabem ler, não sabem escrever e é uma sorte saberem nadar. “Nosso irmão mais velho morreu porque caiu no mar”, contam. Sem grandes dramas. Esses já lá vão, agora é seguir ao sabor da maré.
Moram numa palhota no interior da ilha de Benguerra, dormem no chão, cozinham numa fogueirinha, comem shima e arroz, arroz e shima, quem cozinha é Júnior, “o homem da casa”. “Somos ao todos seis, a mais pequena tem só três anos”, conta. Sempre com um sorriso. Como se a vida lhe fosse fácil.
Irem à escola é complicado… “Fica longe, muito longe, lá na cidade”. E a vida é para se ganhar dia-a-dia. Português? Aprenderam com os turistas, em casa é dialecto que falam.
“Portugal é perto? Como é que vieram até cá, de machibombo? Lá tem fruta? Tem manga?”, bombardeiam-nos com perguntas. Olhos muito abertos, pose de criança em corpo de adulto.
“Quando eu crescer, quero ir a Portugal”, afirma Júnior, “ver o Benfica jogar”. “Gostas de futebol é? Já viste algum jogo?”, pergunto. “Não, nunca” responde de olhos fixos lá longe no horizonte. “Mas deve ser bonito….”.
Despedimo-nos no final do passeio, já o sol se pôs, e fico a vê-los embrenharem-se pelo mato adentro a caminho de casa. Onde os esperam os irmãozinhos. No dia seguinte, acordo de manhã e tenho um cesto de mangas à porta do quarto. Sem cartão, sem dedicatória. E sorrio. Realmente, às vezes não é preciso saber escrever para dizer tudo.
Para 4 pessoas
- 4 iogurtes grecos ou naturais cremosos
- 1 manga
- 2 colheres de sopa de amêndoas laminadas
Lave, descasque a manga e corte –a aos pedaços. Junte os iogurtes e mexa bem. Verta para uma taça e cubra com as amêndoas, previamente tostadas numa frigideira em lume baixo.
Sirva fresco.
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