6º dia – Belize aí vamos nós…

Despedimo-nos do La Lancha às primeiras horas da manhã, mesmo a tempo de ver o nascer do sol no lago, com as suas brumas mágicas a flutuarem pelas águas, os pontões de madeira meio submersos na neblina.
O voo para o Belize levantou pelas 8 da manhã, um teco de teco de seis lugares que em 45 minutos nos transporta para o outro país e outra realidade completamente diferente.
Durante a viagem de avião apercebemo-nos ainda melhor como a Guatemala é verde, são quilómetros e quilómetros a perder de vida de floresta cerrada.  No meio ainda conseguimos descobrir mais uns templos Maias, enormes, quase encobertos pela vegetação.

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Chegamos à Cidade do Belize e partimos logo passado meia hora noutra avioneta mini para Ambergris Caye, a ilha que ficou apelidada na música de Madonna como “La Isla Bonita”.
A viagem de quinze minutos pelos céus até a ilha revela-nos uma paisagem maravilhosa, com recifes de corais e mini ilhas no meio de um mar azul turquesa. O verdadeiro sonho tropical.

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Antes de viajar li muito sobre os vários destinos de praia no Belize e realmente as dúvidas foram muitas. Será que Ambergris seria grande demais e com demasiada gente? Será que seria melhor escolher Caye Caulker, ou seria esta ilha calma de mais? E Placencia? Será que seria uma melhor opção?
Acabei por escolher Ambergris por uma simples razão, fica mais perto de alguns dos melhores spots de mergulho no Belize e o mergulho é uma das coisas que me levou até lá.
Mas mal aterro em San Pedro, capital de Ambergris  Caye, apercebo-me da verdade de tudo aquilo que li: muitos turistas, em especial muitos americanos de camisola de alças e boné de basebol, pouca areia, muitos barcos dentro de água, ruas pejadas de carrinhos de golfe – os táxis locais.

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Já não há vestígios das ruas de areia de outrora, da pacatez, mas por outro lado, hoje é aqui que se encontram alguns dos melhores restaurantes do país, e gente simpática e um mar esmeralda e centros de mergulho a dar que pau.

E sim há muitos turistas, mas também há locais, cerca de 13 mil que vivem por aqui, numa amostragem fantástica da diversidade racial que existe no Belize: mestiços, garifunas, maias, crioulos, arábes, indianos, chineses.

Pelas ruas e cafés de San Pedro vêem-se brancos de carapinha, negros de madeixas louras, rastas a lembrar o Bob Marley, escurinhos de olhos achinesados….


E San Pedro é tudo isto, mas é também o ponto de partida dos barcos que levam os turistas  para os lodges de topo que existem principalmente na parte Norte da ilha, onde não há ruas, nem carros, nem turistas de meia tigela, nem  locais sentados em esplanadas de cadeiras bambas a beber Belikins pelo gargalo.

 

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Na parte Norte de Ambergris Caye só existem lodges com as suas piscinas infinitas e camas de rede a bailoçar ao vento. Claro que tudo isto se paga e só uma viagem de “táxi boat” de San Pedro para a parte norte da ilha custa cerca de 7 euros por pessoa. Mas vale a pena, nem que seja só pelo passeio.

Chegamos ao resort El Secreto, já perto do meio dia, depois de cerca de 30 minutos de lancha rápida e à primeira vista (e à segunda e à terceira também) não podiamos estar melhor instalados.

 

A praia deserta, as espreguiçadeiras semi-mergulhadas na piscina, a zona de estar com chão de areia, a sala de jantar aberta para o mar, o  pontão a entrar pelo mar a dentro azul esmeralda, a areia tão fina, tão branca. As palmeiras de postal alinhadas pela costa fora.

 

E o quarto, outra maravilha onde apetece ficar a passar não uns dias, mas uns meses, uns largos meses. Para aproveitar o chuveiro a céu aberto, o jacuzzi privado no terraço, a rede de baloiço.

 

Mas temos bicho carpinteiro e mal descarregamos as malas, descalçamos os sapatos e vamos dar um passeio pelo lodge, experimentar a água do mar, dar uma volta pela praia onde descobrimos dezenas de búzios gigantes meio enterrados na areia. Ainda aterramos por breves instantes numas espreguiçadeiras  a folhear um livro, mas a fome aperta e a sede de descobrir também – não sou animal de resort, gosto de palmilhar, de ver, de me perder .

Apanhamos uma boleia da lancha do El Secreto e lá vamos nós novamente de volta a San Pedro para ver se a primeira impressão coincide com a segunda.

Acabamos a almoçar  à beira-mar no Wilds Mango. Pedimos um ceviche equatoriano que vem acompanhado de cassava uma espécie de batata frita mas feita de yuca, um vegetal muito utilizado na América central e do Sul, e um wrap com “bufalo chicken”. Estava maravilhoso tanto um como o outro, mas as doses gigantescas fazem-nos compreender porque é que os preços também são tão insuflados.

 

 

São quatro da tarde e os miúdos começam a sair das escolas com os seus uniformes. As mães vêm buscar os mais pequenos de bicicleta e sentam-nos em cima do guiador. Já os mais velhos aproveitam antes de ir para casa para brincarem um pouco à beira mar. Correm uns trás dos outros, pulam, trepam, jogam à bola.

Pela estreita faixa de areia, que faz as vezes de marginal, passam também bicicletas, casais de namorados, vendedores ambulantes – uns de colares, outros de droga, outros de ceviche ou amendoins.

Nas pequenas esplanadas junto ao areal, reúnem se locais a beber uma cerveja pós trabalho (ou nem por isso). Há quem meta conversa com os estrangeiros – principalmente com elas-,  há quem apenas sorria. Quase todos por aqui falam inglês e espanhol, mesmo os miúdos minis que passam e nos estendem colares ou tartarugas de madeira.

Regressamos para o El Secreto já ao cair do dia, a tempo de ver o céu ficar todo a arder numa explosão de cor única e maravilhosa.

Se o dia não tivesse sido fantástico, valeria só pelo final da tarde. Sem palavras, ficam as fotos…

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