Bacalhau à la Catarina

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Para terminar um dia de chuva e a ressaca de um fim de semana de eleições, um inicio de semana a modos que cinzentinho, que tal uma receita bem reconfortante? De forno, para aquecer as cozinhas e as almas?

Aqui vai a ela:

Bacalhau à la Catarina

Faço parte do (imenso) grupo de portugueses que gosta muito de bacalhau. Seja ele cozido, no forno, à Braz, à Zé do Pipo, em caldeirada, na cataplana, com arroz, com batatas, com grão, simples, só com bróculos e cenouras. Mas a verdade é que apesar de muito gostar, poucas vezes o como. Não me perguntem porquê, mas por mais surreal que possa parecer, o período da minha vida em que comi mais vezes pratos de bacalhau foi no ano em que vivi em Londres.

Estranho? Nem por isso. Passo a explicar: não havia amigo ou familiar que me visitasse, que não levasse a mala carregada deste peixinho. E não só. Chouriços, queijos e azeite português faziam sempre parte da bagagem. Como se estivesse longe e faminta dos sabores da minha pátria, desterrada num exílio forçado, abandonada à minha sorte e resignada a comer baked beans e fish and chips para o resto da minha vida.

Uma das pessoas que não se poupou na remessa foi a minha querida mãe, quando apareceu a visitar-me por terras londrinas. De tal forma que até os meus flatmates, que até me conhecerem nunca tinham tido qualquer contacto com o “fiel amigo”,não deixaram de expressar a sua perplexidade: “Bacallao, bacallao, bacallao, the Portuguese people only eat bacallao”?

Dada a quantidade e como gosto pouco de monotonia, seja na vida ou à mesa, nada mais me restou do que deitar mãos à obra e à imaginação e inventar algumas receitas com o dito.

Assim surgiu este prato, desde logo baptizado como “Bacalhau à la Catarina”, um tipo de empadão, mas com o sabor exótico do caril a dar-lhe um toque diferente. Essencial: muito azeite, para que não fique seco e sem graça.

Opcional mas altamente aconselhável: o ananás. Sem exagero, liga maravilhosamente com o salgado do bacalhau e o aromático das especiarias.

Tem dúvidas? Prove e verá.

Para 4 pessoas

  • 400 gramas de bacalhau desfiado e demolhado
  • 1/2 Pacote de flocos de puré de batata
  • 3 fatias de ananás
  • 1 litro de leite magro
  • 1 Ovo
  • 1 cebola picada
  • 1 colher de sobremesa de alho em pó
  • 1 Colher de sobremesa de manteiga
  • 2 Colheres de sobremesa de noz-moscada
  • 2 colheres de sopa de caril em pó
  • azeite
  • sal
  • pimenta preta moída na hora

Comece por cozer o bacalhau num pouco de água. Entretanto faça o puré; num tacho à parte, ponha ao lume metade do leite, tempere com o sal e a noz-moscada; quando este estiver a ferver, baixe o lume e adicione os flocos de puré de batata; mexa bem e vá adicionando o resto do leite até o puré estar na consistência pretendida; no fim adicione uma colher de sobremesa de manteiga e envolva.

Voltando ao bacalhau, depois de cozido, salteio-o numa frigideira ou num wok com a cebola, o alho, o azeite e o caril. Veja se precisa de sal. Ponha bastante azeite para que o bacalhau fique molhadinho. Tempere com a pimenta preta.

Num pirex, espalhe uma camada de puré de batata, uma camada de bacalhau, as fatias de ananás cortadas aos cubinhos e, por fim, outra camada de puré. Pincele a cobertura com um ovo batido.

Leve ao forno pré- aquecido, a 180 graus na função grill. Retire quando estiver tostado. Sirva com uma salada de folhas verdes.

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Este bacalhau é, sem dúvida, de comer e chorar por mais. Já provei esta receita e aconselho-os, vivamente, a experimentar.

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