Que merda de doença esta que anda a levar os nossos….

Não sou de vir para aqui ou para as redes sociais carpir a morte de figuras públicas. Tenho mais que fazer e a verdade é que o distanciamento que tenho da maioria delas não me permite engrossar o rol de quem participa num momento tão íntimo como é (ou devia ser) a morte.

Mas hoje levei um murro no estômago. Merda de vida que acaba sempre em morte.

Soube pelo telefone, depois de uma reunião que tinha corrido mesmo tão bem, tão bem, que estava a levitar pelos jardins da Gulbenkian, a caminho do carro. “Sabes quem morreu hoje? O Pedro Rolo Duarte! Tinha um cancro”. Assim de chofre. que estas noticias nunca vêm com aviso.

E lá aterrei eu da nuvem por onde andava. Um murro no estômago, foi literalmente o que senti. Não éramos íntimos, mas eu era uma grande fã sua e ele acho que também gostava um bocadinho de mim.

Não me recordo de ouvir falar em jornalismo, sem ouvir falar do Pedro, coleccionei todos os DNA’s até não ter mais sítio onde os pôr. E até hoje acho que ainda está para nascer um suplemento tão magnífico como aquele. Fui seguindo a sua carreira, pelos jornais, revistas, rádio e sempre o considerei um dos bons. Um dos muito bons. Daqueles que me fez escolher o jornalismo como profissão. Daqueles que ainda em miúda, me fazia pensar: “Quando for grande quero ser assim”.

Eu que nunca tive posters de actores e músicos pelo quarto, posso dizer que tinha um ídolo. O Pedro.

Quando editei o meu livro” Pelo Mundo com os Tachos”, convidei-o para ser ele a fazer a apresentação. Era jornalista como eu, adorava cozinhar como eu, não podia fazer mais sentido. Homem dos sete ofícios, sempre cheio de projectos em mão, achei que tinha mais do que fazer, mas aceitou de imediato. E desfez-se em elogios. E eu fiquei toda babada.

Mais tarde convidou- me para vários dos seus programas de rádio. Para falar sobre o livro, sobre os Padrinhos de Portugal, sobre as minhas viagens, sobre este blogue.

Eu comecei por ser sua fã, mas acho que nos últimos anos ele também começou a gostar um bocadinho de mim.

Acho que o vi a última vez na sua festa dos 50 anos e pensei, na altura, que era giro como os anos passavam mas continuava sempre com ar de miúdo.

Tinha deixado de fumar, falava muitas vezes disso. Nunca falou da doença. Pelo menos publicamente. Da merda de doença que anda a matar tantos dos nossos. Cedo demais. Sempre cedo demais. Uma merda…uma grande merda.

E peço desculpa, mas hoje só me apetece dizer palavrões….

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